Um dos nomes mais predominantes da fotografia poderá não sobreviver muito mais tempo. De facto, apesar de ter desempenhado um importante papel na sua democratização, há mais de 100 anos, a Kodak enfrenta, mais uma vez, problemas financeiros.
No seu relatório de resultados, divulgado esta semana, a Eastman Kodak alertou que não dispõe de “financiamento autorizado ou liquidez disponível” para pagar os cerca de 500 milhões de dólares em obrigações de dívida que tem a vencer.
Conforme partilhou, num comunicado oficial, “estas condições levantam dúvidas substanciais sobre a capacidade da empresa de continuar em atividade”.
No segundo trimestre, a Kodak continuou a progredir em relação ao nosso plano de longo prazo, apesar dos desafios de um ambiente de negócios incerto.
Afirmou o diretor-executivo da Kodak, Jim Continenza, cujo plano passa por conseguir dinheiro através da suspensão dos pagamentos do seu plano de reformas.
Relativamente às taxas impostas por Donald Trump, que poderiam piorar a sua situação, a empresa revelou que não espera “impactos materiais” nos seus negócios, uma vez que fabrica muitos dos seus produtos, incluindo câmaras, tintas e filmes, nos Estados Unidos.
Apesar de situação frágil em que se encontra, um porta-voz da Kodak afirmou, numa declaração à CNN, que a empresa está “confiante de que será capaz de pagar uma parte significativa do seu empréstimo a prazo bem antes do vencimento e alterar, prorrogar ou refinanciar a nossa dívida restante e/ou obrigações de ações preferenciais”.
A fotografia deve muito à Kodak, mas o mundo não parou
Apesar de, hoje em dia, a captação de uma boa imagem não exigir um equipamento caríssimo, há 100 anos, a realidade era bem diferente.
De facto, a fotografia não era um negócio de massa devido às habilidades técnicas e aos equipamentos que exigia.
Por isso, embora a Eastman Kodak Company tenha sido constituída em 1892, as raízes da empresa remontam a 1879, quando George Eastman obteve a sua primeira patente para uma máquina de revestimento de placas. Em 1888, Eastman vendeu a primeira câmara Kodak por 25 dólares.
Na altura, a Kodak foi projetada para tornar a fotografia mais acessível: “You push the button, we do the rest”; em português, “Clicas no botão, nós fazemos o resto”.
Depois disso, a certa altura, na década de 1970, a Kodak era responsável por 90% das vendas de filmes e 85% das vendas de câmaras nos Estados Unidos, de acordo com o The Economist.
Contudo, apesar do seu papel na democratização da fotografia, a empresa não conseguiu capitalizar o surgimento da tecnologia digital e, em 2012, entrou com pedido de falência, segundo a CNN.
Com um futuro incerto e pouco animador, a Kodak afirmou recentemente que pretende expandir-se em matéria de componentes farmacêuticos, após o Governo dos Estados Unidos ter escolhido a empresa para esse fim, em 2020.
Entretanto, a empresa continua a fabricar filmes e produtos químicos para empresas, incluindo a indústria cinematográfica, e licencia a sua marca para uma variedade de produtos de consumo.