A primeira ópera de Dino D’Santiago, jazz, dança e afinidades criativas na ‘rentrée’ do CCB

Alguns destaques na programação do CCB – Centro Cultural de Belém para o último quadrimestre de 2025, que traz na bagagem música clássica e contemporânea, experimentações e muitas dúvidas para partilhar em oficinas, teatro e dança para agitar mentes e corações.

Setembro marca o início de um novo ciclo no calendário. Ainda não falamos em soltíscio, mas do recomeço de aulas, quiçá atividade laboral – para quem trata agosto como período de férias -, ou muito simplesmento porque o outono se vai aproximando e as agendas culturais se anunciam e renovam.

O CCB não foge a este ritual e abre a Temporada com Adilson, ópera em cinco atos dirigida por Dino D’Santiago, com libreto de Rui Catalão e direção musical de Martim Sousa Tavares. Nesta encomenda e produção original da BoCA – Biennial of Contemporary Arts, Dino D’Santiago foi desafiado a estrear uma ópera que cruza história, cultura e a identidade multicultural portuguesa. Sobe ao palco do Grande Auditório de 12 a 14 de setembro.

Ainda em setembro, o maestro François-Frédéric Guy irá dirigir a Orquestra Metropolitana de Lisboa em os “Concertos para piano de Chopin” (21/09) e uns dias depois, é a vez de o Ensemble Bonne Corde apresentar a estreia moderna de a Messa a quatro voci, con Violoncelli, Fagotti, Basso, ed Organo (1793) de António de Pádua Puzzi, naquela que é também a primeira recuperação desta tipologia instrumental (26/09). No âmbito deste concerto, terá lugar na Sala Lopes-Graça, às 18:30, no dia 26 de setembro, a conferência A Música Sacra e o Poder Régio em Portugal na segunda metade do séc. XVIII por Rui Vieira Nery.

Oito semanas, oito encontros. Afinidades Criativas é o nome do ciclo de oficinas que, de outubro a dezembro, a Causas Comuns organiza em conjunto com artistas e estruturas convidadas, dedicadas à partilha de processos criativos nas artes performativas. “Entre perguntas, práticas e dúvidas, este ciclo propõe-se como espaço de reflexão, afeto e contágio entre pares e públicos”.

Também em outubro, destaque para a peça de teatro “Agustinópolis”, resultado de incursões de O Bando por diversas obras de Agustina Bessa-Luís. O Bando não está só nesta criação que partiu do convite de Mónica Baldaque e da Comissão Organizadora do Centenário de Agustina Bessa-Luís. A Associação Setúbal Voz também integrou este ‘brainstorming’ que gerou um espetáculo operático e teatral, com encenação de João Brites e composição musical de Jorge Salgueiro (17a 19/10).

A terminar outubro haverá um concerto que celebra os 340 anos de nascimento de Bach, os 130 de Hindemith, os 85 anos de António Victorino d’Almeida, os 65 anos de Mário Laginha. É com este programa, que vai de Bach a Laginha, que o multipremiado pianista e compositor Pedro Emanuel Pereira se apresentará pela primeira vez a solo no CCB. Oportunidade para ouvir ao vivo os temas que integram o seu recente álbum, Aonde a Terra Acaba, com selo da editora OClassica.

Novembro traz consigo a atuação de Cécile McLorin Salvant, compositora, cantora e artista visual conhecida pela forma como entrelaça jazz, música barroca, folk, teatro e blues com um poderoso sentido narrativo. A sua atuação convoca o francês, o crioulo haitiano, o occitano e o inglês, num cruzamento que desafia convenções.

O Alkantara Festival também marca presença no Grande Auditório do CCB a 21 e 22 de novembro com a performance Os intransponíveis Alpes, à procura do Currito, na qual María del Mar Suárez — coreógrafa andaluza também conhecida por La Chachi — irá conduzir o público por “uma travessia física e emocional entre o trágico e o absurdo, entre o riso e o desespero”.

Em dezembro, prosseguem as Afinidades Criativas e, antes de 2025 terminar, o CCB apresentará a “Missa para a noite de Natal de Ponchielli”, interpretada pela Orquestra Sinfónica Portuguesa e Coro do Teatro Nacional de São Carlos. «Uma verdadeira obra-prima!», assim foi aclamada a Missa de Amilcare Ponchielli na sua estreia absoluta, no dia 25 de dezembro de 1882. Conhecida também como Messa per la notte di natale, a obra acabaria por cair no esquecimento, tal como grande parte da produção do autor da célebre ópera La Gioconda (1876). Será resgatada a 21 de dezembro, no CCB.

Consulte aqui a programação completa de setembro a dezembro.