
A Teixeira Duarte registou um resultado líquido atribuível a detentores de capital de 42,4 milhões de euros no primeiro semestre deste ano, o que representa um aumento de 346,5% face aos 9,5 milhões apurados no mesmo período do ano passado, mas por causa dos efeitos do acordo de refinanciamento que assinou em março com BCP, CGD e Novo Banco.
No relatório intercalar do primeiro semestre, a Teixeira Duarte explica que o acordo de refinanciamento, assinado em março passado, estabeleceu um novo plano de reembolso com o alongamento das maturidades e uma otimização do custo de financiamento, “com impacto positivo de 60 milhões de euros nos resultados financeiros, equivalente à atualização registada ao nível do valor dos respetivos financiamentos bancários”.
Os resultados financeiros foram positivos em 49,4 milhões de euros no primeiro semestre, o que compara com pouco mais de 10 milhões negativos em junho de 2024, sendo a variação essencialmente justificada pelo “efeito do justo valor da dívida que regista um impacto positivo de 59,6 milhões de euros a 30 de junho de 2025”.
No relatório intercalar relativo à primeira metade de 2025, divulgado à CMVM, o grupo adianta que o volume de negócios ascendeu até junho a 320 milhões de euros, registando uma redução de 15,1% (equivalente a 57 milhões) face ao mesmo período de 2024, sendo que só a área Imobiliária apresentou uma redução de cerca de 51 milhões de euros.
Em Portugal, refere, registou-se uma diminuição de 15,5% – passando a representar 40,3% do total das vendas e prestações de serviços do grupo – , enquanto nos mercados externos a redução foi de 14,7% face período homólogo.
Já o EBITDA ascendeu a 27 milhões de euros até junho, 36% abaixo do registado no mesmo período de 2024, igualmente motivado pela redução de EBITDA no setor Imobiliário, “em função da fase em que se encontram os empreendimentos imobiliários do grupo“, explica.
O setor da construção reforçou, por seu lado, a posição de maior originador do EBITDA do grupo, contribuindo com 53,5% do total.
A dívida financeira líquida fixou-se no fim de junho em 565,4 milhões de euros, diminuindo 78 em milhões face ao final do ano passado, “essencialmente pelo aumento das disponibilidades (incluindo caixa e equivalentes de caixa de entidades imobiliárias detidas para venda) e pela redução significativa do valor dos financiamentos bancários”, refere.
Desempenho por setores
Relativamente aos setores de atividade, o grupo refere que na construção houve lugar à “consolidação das ações de otimização de meios e unificação de estruturas, o que permitiu, apesar da redução do volume de negócios de 6,2%, manter o nível de EBITDA em 14,3 milhões de euros, em linha com o primeiro semestre de 2024”. Nesta área, a assinatura do contrato de concessão para a primeira fase do projeto da alta velocidade “perspetiva bons níveis de atividade para este setor, nomeadamente nas áreas de geotecnia, obras subterrâneas e obras ferroviárias”. O grupo tinha já anunciado que este contrato vai representar 440 milhões de euros de obras.
A carteira de encomendas da Teixeira Duarte para o setor da construção atingiu os 1.630 milhões de euros em junho, refletindo um aumento de 5,9% face a 31 de dezembro de 2024.
Para 2025, a empresa diz que prevê atingir rendimentos operacionais consolidados de cerca de 750 milhões de euros.
No setor das concessões e serviços, refere que, apesar do aumento do nível de atividade de 8,7%, o EBITDA ficou em linha com o semestre homólogo, atingindo 4,6 milhões de euros, realçando nesta área “o bom desempenho em Portugal e Angola”.
No imobiliário, as vendas e prestações de serviços reduziram 51 milhões de euros face aos primeiros seis meses de 2024, explicando que “as vendas neste setor são muito impactadas pelo ciclo de desenvolvimento dos empreendimentos, porquanto a comercialização dos ativos só tem efeito contabilístico aquando da sua entrega”.
O grupo salienta ainda que em Portugal, a conversão de cinco atuais sociedades anónimas em sociedades de investimento coletivo e a entrega de ações que está prevista para o segundo semestre deste ano, que foi acordada no âmbito do acordo de refinanciamento, “vai permitir que as contas do grupo passem a traduzir, semestralmente, o desempenho dos respetivos empreendimentos imobiliários, o qual tem sido excelente”.
Na hotelaria, salienta a continuação da melhoria de desempenho registada nos últimos anos, especialmente em Angola, com um crescimento do EBITDA para 7,6 milhões de euros.
Na distribuição, diz que, “mesmo em ambiente económico desafiante”, o nível de atividade cresceu 8,5% e o EBITDA fixou-se em 3 milhões de euros.
Já o setor automóvel “continuou a ser afetado, essencialmente, pelo condicionamento das importações decorrente da dificuldade de acesso a divisas”, que se traduziu numa diminuição do volume de negócios de 8,9%, o que levou à redução do EBITDA para 700 mil euros.
No relatório intercalar a Teixeira Duarte salienta ainda que durante os primeiros seis meses deste ano as ações sofreram uma valorização de 291,14% face a dezembro do ano passado.