Aeroportos: UE prepara fim do limite de 100 ml para líquidos na bagagem de mão

Apesar de já existirem novos scanners 3D em alguns aeroportos, o limite dos 100 ml continua em vigor. A União Europeia está agora disposta a acabar com esta limitação. Falta apenas a aprovação da Conferência Europeia da Aviação Civil.


Frascos de 100 mililitros dentro de um saco transparente com capacidade até um litro. Esta é a regra imposta a todos os passageiros que pretendem transportar líquidos na bagagem de mão ao viajar de avião.

Esta medida, em vigor desde 2006, poderá estar perto do fim na União Europeia. O motivo? A introdução gradual dos novos scanners 3D nos aeroportos europeus.

Porquê os 100 ml?

Para compreender a origem deste limite, é necessário recuar a 2006. Os atentados de 11 de setembro de 2001 levaram a um endurecimento generalizado das medidas de segurança aeroportuárias.

Em 2006, a CIA e o MI5 frustraram um atentado planeado para fazer explodir vários aviões em pleno voo, utilizando dois explosivos líquidos escondidos em biberões: peróxido de acetona e triperóxido de hexametilenodiamina.

Em maio passado, no entanto, a Comissão Europeia introduziu limites de líquidos apenas no modelo Hi-Scan 6040 CTiX, equiparando-o a máquinas mais antigas, após receber alguns relatórios técnicos (dos americanos, explicam as fontes) segundo os quais as máquinas não garantiam uma deteção confiável.

As autoridades, então, impuseram o limite de 100 ml por frasco. Este valor não é arbitrário. Segundo Kip Hawley, ex-diretor da TSA (Administração de Segurança dos Transportes), certos explosivos requerem um “diâmetro crítico” para causar uma explosão eficaz.

Assim, o tamanho do recipiente torna-se, ele próprio, uma medida de segurança, uma vez que os scanners de raios-X convencionais não conseguem detetar com fiabilidade estes explosivos líquidos.

É verdade que um atacante poderia tentar misturar líquidos de vários frascos a bordo, mas os explosivos líquidos são altamente instáveis. O peróxido de acetona, por exemplo, é 80% mais potente do que o TNT, mas extremamente sensível, um impacto mais forte pode causar uma explosão acidental.

Os novos scanners

Com a chegada dos scanners C3, a situação pode mudar. Estes dispositivos usam tomografia computorizada para gerar imagens tridimensionais da bagagem, permitindo aos operadores visualizar o conteúdo sem abrir malas ou mochilas.

Apesar de alguns aeroportos europeus já terem começado a usar estes scanners, até setembro de 2024 era possível passar o controlo com líquidos superiores a 100 ml. No entanto, a União Europeia impôs uma restrição temporária devido a falhas técnicas, primeiro no modelo Hi-Scan 6040 CTiX, depois nos restantes.

Por isso, atualmente, mesmo com scanners avançados, os limites continuam os mesmos de 2006.

Fim à vista, mas com precaução

Segundo Bruxelas, a União Europeia quer eliminar este limite o mais rapidamente possível. Apenas falta a aprovação da Conferência Europeia da Aviação Civil (CEAC), que, segundo o jornal Corriere della Sera, poderá chegar ainda hoje ou na próxima segunda-feira.

Contudo, a maioria dos aeroportos ainda não dispõe destes equipamentos. De acordo com o Airports Council International Europe, em julho de 2024 existiam apenas cerca de 350 scanners em funcionamento, distribuídos por 13 países.

Isto significa que a nova medida não será aplicada de forma universal. “Apenas terá efeito nos aeroportos que possuam este equipamento de nova geração”, esclarece a Comissão Europeia. Quanto à entrada em vigor? Em breve, de forma iminente, espera-se, mas sem uma data oficial definida.