APB acusa Concorrência de lançar consulta enviesada e com “resultados predeterminados”

A Associação Portuguesa de Bancos (APB) acusa a Autoridade da Concorrência (AdC) de ter lançado uma consulta pública enviesada e que procura, através da sua formulação, chegar a resultados decididos à partida. 

“A consulta já parte de conclusões. Está completamente dirigida para obter resultados predeterminados”, aponta o presidente da organização que representa o setor financeiro nacional em entrevista ao Negócios e Antena 1.

“Tem os vícios típicos de quando se quer orientar processos de decisão num determinado sentido. Tem vício de formatação. Os temas estão formatados de forma a gerar determinada resposta. É dada uma âncora para a resposta, para as pessoas se prenderem essa âncora. E visam o viés confirmatório, porque com a forma como está feita, praticamente só vão responder as pessoas descontentes. Quem estiver discordante com os pré-juízos da consulta não tem nenhum incentivo para responder. O resultado vai ser obviamente orientado no sentido das conclusões que se querem”, diz Vítor Bento.

O economista exemplifica com uma das questões incluídas no documento da AdC. “Dou-lhe um exemplo de uma pergunta. ‘Considera que as vendas agregadas apresentam um custo de entrada e/ou de expansão significativo?’. Na prática, é perguntar assim: ‘Isto é uma coisa má. O que é que acha?’”.

A APB não tem ainda uma posição oficial sobre o assunto mas promete analisar. “A consulta foi lançada há dias, vai decorrer até setembro. Há muito tempo para analisar”, refere Vítor Bento.