
O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, e o homólogo James Marape deveriam assinar o acordo, um dia após o 50.º aniversário da independência da Papua-Nova Guiné em relação à Austrália, num encontro na capital do primeiro país, Port Moresby.
No entanto, as duas capitais disseram que o pacto, que prevê a defesa mútua em caso de ataque, apenas será firmado “após os procedimentos governamentais em ambos os países”, sem especificarem o motivo do adiamento.
“É um reforço muito significativo da nossa relação de defesa”, disse Albanese à estação pública ABC, antes de viajar para Port Moresby. “Prevê defesa mútua, apoio recíproco e integração das nossas capacidades e forças armadas”, acrescentou.
O acordo permitirá que cidadãos dos dois países possam servir em ambas as forças armadas. A Austrália planeia ainda oferecer cidadania australiana como incentivo à adesão de Papua-Nova Guiné às suas forças de defesa, alargando o recrutamento para além dos atuais parceiros da aliança de partilha de inteligência “Five Eyes” (EUA, Reino Unido, Canadá, Nova Zelândia e Austrália).
A Papua-Nova Guiné, com quase 12 milhões de habitantes, é o país mais populoso do Pacífico Sul a seguir à Austrália (27 milhões). Desde 2019, três países insulares do Pacífico mudaram o reconhecimento diplomático de Taipé para Pequim, numa demonstração da crescente influência chinesa na região.
O subsecretário de Estado norte-americano, Christopher Landau, também esteve em Port Moresby para participar nas comemorações da independência da Papua-Nova Guiné.
Washington e os seus aliados têm manifestado preocupação com o reforço da presença de Pequim em matéria de segurança, nomeadamente através de programas de formação policial em países como Fiji, Kiribati, Samoa, Ilhas Salomão e Vanuatu.
Austrália e Papua-Nova Guiné assinaram em 2023 um acordo de segurança que ampliou a cooperação na área da defesa e consolidou a posição de Camberra como parceiro de segurança preferencial na região. No entanto, a assinatura foi adiada por seis meses devido à contestação interna ao pacto paralelo assinado com os EUA, que gerou protestos por alegadas ameaças à soberania nacional.
Oliver Nobetau, especialista do grupo de reflexão (`think tank`) Lowy Institute, em Sydney, afirmou que a linguagem do novo acordo será crucial, especialmente se incluir cláusulas sobre exclusividade da parceria com a Austrália. “Se for mencionado que a Austrália é o parceiro de segurança preferencial da Papua-Nova Guiné, isso será uma grande vitória”, disse.
Por outro lado, recordou que vários países insulares do Pacífico, incluindo a Papua-Nova Guiné, têm resistido a compromissos que excluam parcerias com terceiros.