Autárquicas: Candidato do PS diz que consórcio do TGV quer fazer 135 demolições em Gaia

“O número que tenho foi-me fornecido pelos presidentes de junta que estão a acompanhar os contactos que o consórcio tem feito em Vila Nova de Gaia, e é um número que nos parece verdadeiramente evitável. Nunca foi um número que esteve em cima da mesa, que ronda as 135 demolições”, disse hoje à Lusa o candidato.

O candidato do PS à Câmara de Vila Nova de Gaia, João Paulo Correia, disse hoje à Lusa que o consórcio Avan Norte, que vai construir a linha de alta velocidade, quer fazer 135 demolições no município.

“O número que tenho foi-me fornecido pelos presidentes de junta que estão a acompanhar os contactos que o consórcio tem feito em Vila Nova de Gaia, e é um número que nos parece verdadeiramente evitável. Nunca foi um número que esteve em cima da mesa, que ronda as 135 demolições”, disse hoje à Lusa o candidato.

De acordo com João Paulo Correia, as afetações abrangem habitações, indústrias e armazéns nas freguesias (ou uniões de freguesias) de Oliveira do Douro, Mafamude e Vilar do Paraíso, Canelas, Serzedo e Perosinho e Grijó e Sermonde, e o número consta de dados do consórcio datados da segunda quinzena de julho.

A Lusa questionou o consórcio Avan Norte sobre o tema e aguarda resposta.

“A última versão que o consórcio apresentou, que tem poucas semanas, é uma versão muito mais impactante no território, ou seja, leva à demolição de mais habitações e indústrias do que aquilo que alguma vez o consórcio tinha apresentado”, disse João Paulo Correia.

Para o candidato socialista, “o Governo tem de intervir nesta matéria e criar condições para que a linha de alta velocidade em Vila Nova de Gaia seja construída com menor invasão possível no território”.

“O número de demolições que estão previstas ultrapassa o número que alguma vez o consórcio apresentou a Vila Nova de Gaia, e nessa matéria apelamos ao Governo que entre no processo”, referiu.

O candidato relembra que “o Governo tem condições de intervir, através das Infraestuturas de Portugal [IP], para que o consórcio projete uma linha em Vila Nova de Gaia de uma forma menos invasiva”.

O estudo prévio da primeira parceria público-privada (PPP) da linha ferroviária de alta velocidade, entre o Porto e Oiã (em Oliveira do Bairro, distrito de Aveiro) previa que a maior parte do traçado fosse feito em túnel dentro grande parte do concelho de Vila Nova de Gaia, em quase 10 quilómetros.

Porém, em abril o consórcio LusoLAV (hoje denominado Avan Norte), composto pelas empresas Mota-Engil, Teixeira Duarte, Alves Ribeiro, Casais, Conduril e Gabriel Couto, apresentou à Câmara de Gaia um traçado com menos túnel e mais impactos à superfície, bem como sugeriu uma alteração da localização da estação de Gaia (Vilar do Paraíso e não Santo Ovídio), e duas pontes sobre o rio Douro em vez de uma rodoferroviária.

“Comparando as duas soluções, há um agravamento do impacto superficial três vezes superior, passando dos anteriores de 2.540 metros de linha prevista nas zonas de aterros, escavação e muros para 7.728 metros de extensão”, pode ler-se também nos documentos da proposta da LusoLAV a que a Lusa teve acesso em abril.

Os documentos apontavam também, em abril, que “os ajustes de traçado na solução agora proposta não implicaram o aumento do número de afetações” de habitações novas ou reabilitadas recentemente, mas quanto às “habitações de tipologia comum em relativo bom estado de conservação, os ajustes de traçado na solução agora proposta aparentemente implicam um ligeiro aumento do número de afetações”, mas sem os quantificar, à data.

A solução apresentada em abril entrava já “em confronto com zonas habitacionais e industriais já edificadas, com os tecidos existentes e as vias da estrutura viária atual, obriga a um conjunto diversificado de soluções de restabelecimento viário de modo a minimizar o impacto da barreira territorial criada que é, nesta solução, mais extensa”, referem os documentos.

“O impacto não se circunscreve à extensão linear da infraestrutura, mas também à área confinante com esta” implicando ainda “expropriações e demolições nas zonas de intervenção, quer sejam para a efetiva implantação da linha de alta velocidade, quer pela necessidade dimensional de áreas de trabalho para a sua construção”, refere.