Boavista insiste no Bessa e endurece luta para jogar em casa

O Boavista mostrou-se hoje empenhado em continuar a jogar no Estádio do Bessa, cuja utilização está impedida pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) a três semanas e meia do arranque da competição.

“O lugar do Boavista é no Bessa, e é por lá que o futuro passará. Não queremos ter de deslocar a equipa, mas, se tal tiver de acontecer, tudo faremos para que o mais breve possível estejamos de volta à nossa casa”, observou o presidente do clube ‘axadrezado’, Rui Garrido Pereira, numa declaração enviada à agência Lusa.

Integrado na Série 5 do quarto e último escalão distrital da Associação de Futebol (AF) do Porto, o Boavista iniciou os trabalhos de pré-época na sexta-feira, sob orientação do treinador Luís Merêncio, no complexo contíguo ao Estádio do Bessa, no Porto.

Os ‘axadrezados’ estreiam-se em 14 de setembro, com a visita ao Ventura, no Complexo Municipal de Leça da Palmeira, uma semana antes de, no dia 21 do mesmo mês, receberem o Águias de Gaia, estando em conversações com vários organismos para poderem realizar o seu primeiro encontro na condição de anfitriões no Estádio do Bessa.

“Em 122 anos de história, nunca tantos problemas afetaram o Boavista ao mesmo tempo. No entanto, estamos a executar um plano que, acreditamos, nos permitirá encontrar soluções para a recuperação financeira, o ressurgimento desportivo e, muito importante, a obtenção de novas fontes de receita. Aos poucos, confiamos que os problemas serão resolvidos e que o Boavista – mais cedo do que tarde – jogará no seu estádio, perante os seus adeptos e com a identidade de sempre, mas com um fôlego renovado”, acrescentou.

O Boavista indicou como recinto alternativo à AF Porto o Parque Desportivo de Ramalde, localizado a cerca de 2,5 quilómetros do Bessa e palco dos jogos caseiros do Panteras Negras Footballers Club, que foi criado por adeptos ‘axadrezados’ contestatários da atual direção e está integrado na mesma divisão e série do que o clube de Rui Garrido Pereira.

Em 07 de setembro, vão começar os restantes três escalões da AF Porto, sendo que o principal contempla a Boavista SAD, que, após ter ficado de fora dos campeonatos nacionais, também indicou como recinto para jogar em casa o Estádio do Bessa, gerido pelo emblema ‘axadrezado’, detentor de 10% do capital social daquela sociedade.

O Parque Desportivo de Ramalde é o palco alternativo da SAD liderada pelo senegalês Fary Faye, que está impedida pela FIFA de inscrever novos atletas, devido a dívidas, mas espera desbloquear essas restrições em tempo útil antes da receção inaugural ao Foz.

A Boavista SAD deveria disputar a II Liga na temporada 2025/26, mas não conseguiu inscrever-se nas provas organizadas pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) e, mais tarde, também viu negado o licenciamento para participar na Liga 3, tutelada pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF).

A ausência de pressupostos financeiros sustentou esse desfecho, que levou o clube liderado por Rui Garrido Pereira a criar uma equipa sénior independente da SAD, numa altura em que as duas entidades enfrentam processos de insolvência, antes do aparecimento do Panteras Negras Footballers Club, cuja designação faz referência à claque e ao nome original do Boavista.

Despromovido à II Liga em maio, após fechar a edição 2024/25 da I Liga no 18.º e último lugar, com 24 pontos, o Boavista concluiu um trajeto de 11 épocas consecutivas no escalão principal, sendo um dos cinco campeões nacionais da história, face ao título vencido em 2000/01.