Cabo Verde: Governo quer formar 875 médicos especialistas em 20 anos

Plano estratégico foi apresentado esta sexta-feira pelo ministro da Saúde, Jorge Figueiredo, numa reunião com o presidente da Associação dos Médicos Cabo-verdianos nos EUA, Júlio Teixeira, e com a médica, professora e coordenadora do Curso de Mestrado Integrado em Medicina da Universidade de Cabo Verde Antonieta Martins.

O Governo de Cabo Verde quer dar início à formação especializada de médicos no país já próximo ano, estimando formar 875 médicos especialistas até 2025.

O Executivo está empenhado, assim, em criar condições para a formação de profissionais a nível nacional, não só para suprir as necessidades atuais do sistema de saúde pública como também antecipar aquelas que vão nascer com a construção do novo hospital do país.

Em causa está um plano estratégico com um horizonte de 20 anos, que foi apresentado esta sexta-feira pelo ministro da Saúde, Jorge Figueiredo, numa reunião com o presidente da Associação dos Médicos Cabo-verdianos nos EUA, Júlio Teixeira, e com a professora e coordenadora do Curso de Mestrado Integrado em Medicina da Universidade de Cabo Verde Antonieta Martins, em representação da instituição, que integram a equipa técnica responsável pela iniciativa.

De acordo com o governante, o Estado quer “reduzir a dependência das missões médicas estrangeiras, otimizar os recursos endógenos do ponto de vista financeiro e formativo, responder à substituição dos profissionais que vão para a reforma, reduzir as evacuações para o exterior”, bem como acautelar o reforço dos recursos humanos para o futuro hospital de Cabo Verde, cujas obras deverão ter início no primeiro trimestre de 2026, em linha com a previsão do início da construção do novo hospital de referência de São Tomé.

“O que se pretende é iniciar a implementação do plano de formação graduada e especializada de médicos em Cabo Verde, que, pela primeira vez, foi elaborado com impacto a médio e longo prazo, prevendo-se a melhoria da cobertura dos especialistas em Cabo Verde e a diminuição gradual da dependência das missões médicas estrangeiras no país, assegurando, assim, o equilíbrio, a eficácia e a sustentabilidade do Sistema Nacional de Saúde”, lê-se numa nota publicada na página do Governo de Ulisses Correia e Silva.

De acordo com o Executivo, o plano “já foi socializado com a Ordem dos Médicos, que está envolvida através do seu colégio de especialidade, e com outros parceiros, nomeadamente o Instituto Camões da Cooperação”.

Em abril, numa mesa-redonda dedicada à “Formação Médica” promovida pela Ordem dos Médicos Cabo-Verdianos, Júlio Teixeira alertou para a necessidade do investimento na formação interna, de forma a reduzir a “importação de profissionais”.

“Formar especialistas em Cabo Verde, para que não dependamos da importação de profissionais de outros países, é a única forma verdadeiramente sustentável de produzir médicos especializados. É também fundamental encontrar mecanismos que permitam integrar os jovens que terminam a faculdade de medicina, muitos dos quais, por falta de opções no país, são forçados a procurar a especialização no estrangeiro”, defendeu o presidente da Associação dos Médicos Cabo-verdianos nos EUA.

Novo hospital de referência 

O projeto de construção do Hospital Nacional de Cabo Verde, na capital, cuja primeira fase está orçada em torno de 180 milhões de dólares (cerca de 155 milhões de euros) foi tornado público no final de julho. A segunda fase de construção irá ultrapassar os 68 milhões de dólares.

“Estamos a cumprir o programa do Governo e a responder a uma necessidade do país: dotar Cabo Verde de um hospital de referência, construído de raiz, primeiro depois da independência, moderno, com tecnologia avançada e recursos humanos qualificados e especializados integrados no Sistema Nacional de Saúde”, anunciou o primeiro-ministro.

A infraestrutura (20 mil metros quadrados) irá nascer na zona de Achada Limpo, perto do Hospital Agostinho Neto e do Aeroporto internacional.