Chegou o momento de abandonar a visão de confronto entre saúde pública e privada, defendeu-se na conferência da Una

A Una Seguros foi a anfitriã da Conferência, “Saúde privada em Portugal: que desafios para os players do setor?”, realizada esta terça-feira, no Anfiteatro do Complexo Auditório Altos dos Moinhos (Lisboa).

A Una Seguros foi a anfitriã da Conferência, “Saúde privada em Portugal: que desafios para os players do setor?”, realizada esta terça-feira, no Anfiteatro do Complexo Auditório Altos dos Moinhos (Lisboa), no âmbito do Mês do Agente.

O painel contou com três protagonistas com visões complementares: Luís Drummond Borges, Administrador do Grupo Lusíadas Saúde; José Pedro Inácio, CEO da AdvanceCare; e Nuno Catarino, Administrador Comercial da Una Seguros.

Na sua intervenção, Luís Drummond Borges defendeu que chegou o momento de abandonar a visão de confronto entre saúde pública e privada. “O sistema público para ser sustentável precisa do contributo do privado”, disse acrescentando que é importante perceber que quem recorre ao privado “são pessoas reais, vindas de todos os quadrantes sociais”.

Reforçou que “o setor privado existe por uma questão de acessibilidade e serve efetivamente os portugueses”, lembrando que é responsável por cerca de 10,7 milhões de consultas e 1,6 milhões de episódios de urgência por ano.

Para o responsável do Grupo Lusíadas Saúde, o setor privado está hoje mais próximo da vida das pessoas e afirma-se “não apenas no tratamento da doença, mas também na prevenção e no bem-estar, com uma visão 360°”.

“A medicina 3.0 focada na nutrição, exercício, sono, saúde mental  e medicação/suplementos serão um fator crítico de sucesso para endereçar as doenças do envelhecimento e desempenharão, a par da monitorização de cuidados, um papel
determinante no futuro da saúde em Portugal”, defendeu.

Já José Pedro Inácio, CEO da AdvanceCare, abordou a dimensão económica da saúde, lembrando que “cada cidadão contribui com cerca de 1.800 euros por ano em impostos para o Serviço Nacional de Saúde, enquanto o valor médio anual de um seguro de saúde ronda apenas os 400 euros”. Acrescentou ainda que, “com a crescente tendência para o setor privado passar a tratar também doenças graves, e perante a maior procura por estes serviços, os seguros terão inevitavelmente de aumentar o valor dos prémios”.

O CEO da AdvanceCare ressalvou que a sustentabilidade do sistema não depende apenas do financiamento, “temos de mudar os comportamentos, levar as pessoas a terem uma nova atitude perante a doença”.

Para o CEO da AdvanceCare, existe um sério problema de iliteracia em saúde e “não vai haver dinheiro para manter a população se não existir prevenção”. Considera ainda a abordagem customer centric um trabalho sempre inacabado, já que as necessidades dos clientes estão em constante evolução. “Ouvir o cliente é a base”, afirmou.

A encerrar o painel, Nuno Catarino, da Una Seguros, destacou a evolução do setor segurador, especialmente através dos seguros corporate, que, segundo afirmou, “continuam a democratizar o acesso aos cuidados de saúde em Portugal”. Estes seguros abrangem todos os trabalhadores de uma empresa, “do administrador ao colaborador mais júnior”, garantindo um acesso mais equitativo a cuidados de qualidade.

Em 2024, a UnA Seguros, considerando as Companhias Vida e Não Vida, ultrapassou os 150 milhões de euros em prémios emitidos, com o ramo Saúde a registar um crescimento de 50%, muito acima da média do mercado (17,53%).

Segundo o Administrador Comercial da Una Seguros, este desempenho deve-se ao facto de, “neste mercado extremamente concorrencial, termos diferenciação em produtos individuais, sempre atentos às necessidades dos clientes”.

Por último, o gestor alertou que “daqui a cinco anos o mercado poderá entrar numa nova etapa”, quando a maioria das pessoas já tiver seguro, criando uma tensão sobre preços, serviços e inovação.

“Este desafio só poderá ser ultrapassado se houver um diálogo profundo entre seguradores, intermediários e prestadores
de serviços, que permita alcançar entendimentos vantajosos para todas as partes”, finalizou.