China já tem um robô que instala 1000 painéis solares por dia

Na corrida para transformar vastas áreas, como desertos, em centros de produção de energia limpa, a China posiciona-se na vanguarda, não só em capacidade instalada, mas também em inovação tecnológica. O país, que já lidera o setor das energias renováveis, enfrenta um desafio logístico: como instalar milhões de painéis solares de forma rápida e eficiente? A resposta está na automação.


A resposta da robótica à escala da descarbonização

A empresa Sunpure, já conhecida pelas suas soluções robóticas para a limpeza e manutenção de painéis solares, apresentou recentemente o Saturn. Trata-se de um robô especificamente desenhado para a instalação de módulos fotovoltaicos.

Este sistema automatizado é capaz de elevar uma palete inteira de painéis e, através de um braço robótico, posicionar cada um deles com precisão nos trilhos de suporte, o que otimiza um dos processos mais morosos e fisicamente exigentes da construção de um parque solar.

Os números do Saturn são impressionantes e demonstram o potencial da automação neste setor. Segundo os seus criadores, o robô necessita de menos de cinco segundos para calcular a posição exata de cada painel, garantindo uma margem de erro inferior a cinco milímetros.

O seu braço articulado de quatro metros permite-lhe manusear tanto painéis de grandes dimensões como operar em estruturas de montagem mais amplas.

Com uma autonomia de 72 horas contínuas, o Saturn consegue instalar entre 600 e 1000 painéis por dia, uma performance três a quatro vezes superior à de um trabalhador humano. Este nível de eficiência está a ser testado em vários projetos na China.

Uma tendência global, não só da China…

A integração da robótica na construção de centrais fotovoltaicas, embora notável, não é uma exclusividade chinesa. Nos Estados Unidos, por exemplo, o robô Máximo executa tarefas semelhantes, instalando painéis que podem chegar aos 40 quilos.

A necessidade de automação é impulsionada por um problema comum a vários países: a escassez de mão de obra qualificada. Nos EUA, cerca de 90% das empresas do setor solar admitem ter dificuldades em recrutar pessoal para a instalação de parques.

A meta norte-americana é passar dos atuais 15.000 módulos instalados por hora para 50.000 até 2035, um objetivo praticamente inatingível sem o auxílio de máquinas.

O investimento da China em soluções como o Saturn é mais do que uma simples aposta tecnológica; é uma declaração de intenções para consolidar a sua liderança incontestada no mercado global das energias renováveis. O gigante asiático é a maior potência em energia verde, com investimentos que ultrapassam os 625 mil milhões de dólares em 2024, e este setor já representa 10% do seu PIB.

Leia também: