China reduz emissões de CO2 no primeiro semestre, mas falha em metas-chave

A China registou uma queda de 1% nas suas emissões de dióxido de carbono (CO2) no primeiro semestre de 2025, prolongando a tendência de redução iniciada em março de 2024. O recuo foi impulsionado pelo crescimento das energias verdes, com destaque para a solar, cujo aumento de produção foi suficiente para cobrir toda a procura adicional de eletricidade.

Segundo uma  do especialista Lauri Myllyvirta, analista principal do Centre for Research on Energy and Clean Air (CREA), publicada no Carbon Brief, “o crescimento da energia limpa ajudou as emissões de CO2 da China a cair 1% em termos anuais na primeira metade de 2025, prolongando uma tendência de declínio que começou em março de 2024”. O setor da eletricidade, a principal fonte de emissões, viu a sua produção de CO2 encolher 3% no mesmo período.

Só no primeiro semestre, a China acrescentou 212 gigawatts (GW) de energia solar, o dobro do registado no ano anterior, e em maio, atingiu o pico de 93GW adicionados, o equivalente à instalação de 100 painéis solares por segundo. 

“A tendência de queda nas emissões de CO2 – e o crescimento da energia limpa que a sustenta – pode dar aos decisores políticos maior confiança de que metas mais ambiciosas são alcançáveis”, sublinha Lauri Myllyvirta.

Apesar dos avanços, alerta o especialista, o país está em vias de falhar vários objetivos definidos para o período de 2021 a 2025. Entre eles, a redução da intensidade carbónica, o controlo rigoroso do consumo de carvão e da nova capacidade de centrais a carvão, assim como o aumento do aço produzido em fornos elétricos de arco, uma tecnologia menos intensiva em carbono.

A produção do aço caiu 3% no primeiro semestre, mas a quota de fornos elétricos recuou de 10,2% em 2024 para 9,8% em 2025, abaixo da meta governamental que apontava 15%. “A mudança para a produção em forno elétrico é uma das maiores oportunidades de redução de emissões na próxima década”, alerta a análise.

Embora o uso de carvão na geração elétrica tenha diminuído 3,4% no semestre, este ano deverá registar um recorde de nova capacidade instalada entre 80 e 100GW. Esta expansão, segundo Lauri Myllyvirta, resulta da “pressão do governo central”. 

Neste momento, estão em preparação a nova Contribuição Nacional Determinada (NDC), válida até 2035, e o 15º Plano Quinquenal (2026-2030), que se espera que incorporem metas mais rigorosas para compensar os desvios de 2025 e alinhar o país com os compromissos internacionais. Recorde-se que, esta semana, o Eurostat divulgou novos dados que apontam para um de CO2 na União Europeia no primeiro trimestre do ano, sobretudo devido ao aumento do consumo das famílias e pela produção de energia.

“Ao mesmo tempo que o país acelera na energia solar e eólica, a expansão da capacidade a carvão e o crescimento da indústria química ameaçam comprometer os ganhos”, conclui o estudo liderado pelo investigador do CREA.