Cimeira bilateral. O encontro entre Trump e Putin no Alasca

Nas vésperas do encontro entre os líderes dos EUA e Rússia, o presidente norte-americano Donald Trump está pronto para apresentar ao seu homólogo russo, Vladimir Putin, uma proposta que inclui várias concessões económicas à Rússia em troca pela paz na Ucrânia.

A proposta inclui vários incentivos, entre os quais o acesso aos recursos naturais do Alasca, bem como aos minerais de terras raras ucranianos e o levantamento de algumas sanções contra a indústria aeronáutica russa, segundo o The Telegraph, citado na Euronews, nesta quinta-feira.

O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, e outros altos funcionários da Administração estão, aparentemente, a preparar as propostas para sexta-feira.

As expectativas sobre a reunião no Alasca entre Putin e Trump são cada vez mais altas, embora Donald Trump já tenha dito, neste mesmo dia, que esta reunião serve para “abrir caminho para uma outra. 

Sublinhou a necessidade de um encontro seguinte e esse já contará com o presidente da Ucrânia. Será então uma cimeira trilateral.

“A segunda reunião será muito, muito importante, porque será aquela em que eles – Putin e Zelensky – chegarão a um acordo. E não quero usar o termo ‘dividir as coisas’, mas, de certa forma, não é um termo mau”, defendeu Trump.

De qualquer forma, o presidente dos EUA disse estar esperançoso de que Putin esteja pronto para um acordo sobre a Ucrânia, porém o Kremlin já alertou contra a expectativa de um grande resultado da reunião do Alasca.

Na mesma entrevista à Fox News e perante todo o contexto de pressão internacional, o presidente dos EUA estimou o risco das conversações no Alasca não serem bem sucedidas em “25 por cento”.

A cimeira bilateral no Estado norte-americano será centrada sobretudo nas possibilidades de paz na Ucrânia, não estando prevista a presença do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

O encontro entre Trump e o seu homólogo russo irá realizar-se numa base aérea dos EUA, nos arredores de Anchorage.

Entretanto, uma intensa ofensiva russa a alvos ucrânianos e a exclusão de Zelensky da reunião de sexta-feira fez aumentar os receios na Europa de que Trump e Putin possam chegar a um acordo que force concessões territoriais à Ucrânia. 

O líder dos EUA inicialmente adiantou que “haveria concessões em fronteiras e territórios”, mas reencaminhou esse tópico para falar com líderes europeus na quarta-feira.

O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, também enfatizou que, embora a reunião do Alasca possa ter sucesso na interrupção dos combates na Ucrânia a curto prazo, vai ser preciso mais tempo para se atingir uma solução de paz duradoura.

Rússia diz que não vai assinar nenhum documento

Entretanto, também nesta quinta-feira, a presidência russa comunicou que prevê “discussões complexas” na reunião no Alasca e observou que não vão assinar nenhum documento.

“Não é esperado. Nada foi preparado. Dificilmente haverá um documento”, afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, em declarações à televisão pública russa, a propósito da possibilidade de os dois presidentes subscreverem um texto formal sobre a guerra na Ucrânia.

O porta-voz afirmou que o lado russo parte para a reunião com “boa vontade política demonstrada pelos presidentes de ambos os países para resolver os problemas através do diálogo” e que serão abordadas “as questões mais difíceis”.

Quando questionado se os dois líderes planeiam discutir uma troca de territórios entre a Rússia e a Ucrânia para resolver o conflito, Peskov respondeu que “obviamente, serão abordadas questões relacionadas com a solução ucraniana”, ressalvando que esse “é um assunto muito complexo e multifacetado”.

O líder russo “explicará os acordos e entendimentos alcançados” numa conferência de imprensa conjunta com o homólogo norte-americano, referiu Peskov.

Na véspera da cimeira, Putin elogiou os esforços “enérgicos e sinceros” dos Estados Unidos para pôr fim aos combates na Ucrânia.

c/ Lusa