O Reino Unido acaba de receber aquele que é apontado como o computador quântico mais avançado do mundo. Chamado Quartet e desenvolvido pela Oxford Ionics, o sistema promete resolver problemas impossíveis para a computação convencional, consumindo menos energia do que uma simples chaleira elétrica. A chegada deste equipamento marca um passo decisivo para colocar a computação quântica ao serviço de desafios científicos e industriais de grande escala.
Quartet quer revolucionar o mundo
O computador de arquitetura completa, chamado Quartet, foi entregue ao Centro Nacional de Computação Quântica do Reino Unido, no campus de Harwell, em Oxfordshire, pela Oxford Ionics, um fabricante líder em computação quântica baseada em iões aprisionados.
Chris Ballance, diretor-executivo e cofundador da Oxford Ionics, afirmou que isto significa que poderão “resolver problemas em minutos que, de outra forma, nem consideraríamos solucionáveis com um computador”.
O anúncio surge após a IonQ, uma empresa norte-americana cotada e especializada em computação quântica, ter acordado em adquirir a Oxford Ionics por 1,1 mil milhões de dólares, em junho.
Tecnologia que usa átomos carregados eletricamente (iões) como unidades qubits
Em entrevista à BBC Radio 4, o Chris Ballance disse que os computadores quânticos são “a forma mais poderosa de computador permitida pelas leis da física”.
O hardware é, fundamentalmente, muito diferente . [Ele] calcula problemas de uma forma completamente distinta e um computador convencional está mais próximo de um ábaco, em termos de capacidade de cálculo, do que de um computador quântico.
Explicou o especialista.
A empresa afirmou que esta entrega representa “um passo significativo para tornar a computação quântica comercialmente valiosa uma realidade” e para “garantir que o Reino Unido está equipado com o poder de computação necessário para resolver alguns dos desafios mais prementes do mundo”.
Por exemplo, neste momento, se quiser criar uma bateria melhor, normalmente tem de ir para o laboratório e testar alguns produtos químicos. Este tipo de problemas sabemos escrever no papel há 50 anos, simplesmente não conseguimos resolvê-los em computadores convencionais. E os computadores quânticos vão permitir trazer muito desse trabalho de laboratório para problemas que podemos agora resolver num computador.
Disse Ballance.
O investigador referiu que um supercomputador convencional “poderia consumir a energia produzida por uma pequena central elétrica”, enquanto o seu computador quântico “consome menos energia do que uma chaleira elétrica”.
Os sistemas que vamos construir no próximo ano, que irão superar os maiores supercomputadores que a humanidade alguma vez construirá, ainda assim usarão menos energia do que apenas um armário de servidores num centro de dados padrão.”
Adiantou o investigador.

O Dr. Chris Ballance (à esquerda) disse que o novo computador quântico resolveria problemas «muito mais rapidamente», como a construção de melhores catalisadores para baterias.
Ballance afirmou que aceitaram o negócio com a IonQ “porque a lógica empresarial era extraordinária”.
A IonQ tem uma equipa fantástica e opera computadores quânticos nas principais plataformas de cloud desde antes de eu fundar a Oxford Ionics. Temos agora esta nova tecnologia de base e, ao juntá-las, conseguimos acelerar os nossos planos conjuntos em vários anos.
Concluiu diretor-executivo e cofundador da Oxford Ionics.
Em suma, a entrada em funcionamento do Quartet representa mais do que um avanço tecnológico: é a prova de que a computação quântica baseada em iões aprisionados está a sair dos laboratórios para se tornar uma ferramenta prática.
Com capacidade para resolver problemas antes considerados impossíveis e consumindo uma fração da energia de um supercomputador tradicional, este marco coloca o Reino Unido na linha da frente da corrida mundial por soluções quânticas de alto impacto científico e industrial.