
Aproxima-se a data das eleições autárquicas, e é chegada a altura de fazer uma pausa na publicação das crónicas. Sou candidata em Cascais pela coligação Futuro em Comum, constituída pelo Bloco de Esquerda, LIVRE e PAN, mas o propósito desta crónica não é o de fazer propaganda política.
A minha primeira candidatura autárquica à Câmara de Oeiras, em 2017, foi uma heroica investida de um grupo de jovens militantes acabados de ingressar na política, e que se viram a braços com uma autêntica luta ao estilo de David e Golias. Infelizmente, ao contrário da história bíblica, não tivemos hipóteses contra o Golias do concelho, Isaltino de Morais. Mas esse foi apenas o início e não desistimos.
Cada ato eleitoral tem os seus desafios, mas em eleições autárquicas conta, sobretudo, a proximidade. Há questões que podem variar consoante o território e existem outras que são transversais a todo o país.
O que é certo é que, nas próximas semanas, os folhetos autárquicos que serão distribuídos nas ruas irão falar da revisão do PDM, instrumento essencial para o ordenamento do território, da grave crise de habitação que impede jovens de comprar casa, das enormes fragilidades em matéria de mobilidade, com redes de transportes públicos inexistentes ou sem articulação a nível metropolitano ou regional.
E também do excesso e dependência de carros, dos atentados ambientais praticados no território, do combate à crise climática, das enormes desigualdades entre o litoral privilegiado e o interior negligenciado, da aposta na qualidade de vida e bem-estar, de acessibilidade e inclusão, de práticas culturais sustentadas e acessíveis, da universalização de creches e berçários, do policiamento de proximidade ou de cuidados prestados a grupos vulneráveis como a população idosa, a população migrante ou pessoas em situação de sem-abrigo.
Todas estas matérias têm abordagens ideológicas diferentes, consoante o posicionamento político de cada pessoa. E subjacente a todas estas questões essenciais para a organização das nossas cidades, está a transparência e ética na gestão autárquica.
As autarquias requerem o nosso envolvimento como cidadãos mais atentos e exigentes. Temos de fazer tudo ao nosso alcance para subir a fasquia contra os populistas do nosso tempo. Infelizmente, não mudou muito a sensação de que esta é uma luta de David contra Golias, sendo Golias os velhos arcos de governação que se acomodaram no poder. E por isso importa continuar a lutar pelas nossas ruas, bairros, freguesias e vilas.