
O Senado rejeitou na quarta-feira, por 51 votos contra 49, uma emenda que obrigaria o Departamento de Justiça a divulgar todos os ficheiros do caso Epstein, inserida num projeto de lei anual sobre política de Defesa que o Congresso tem de aprovar.
Os senadores republicanos Josh Hawley, do Missouri, e Rand Paul, do Kentucky, votaram ao lado dos democratas.
Os democratas têm conseguido manter a questão na agenda do Congresso, mas Trump, ex-amigo de Epstein que se opõe à divulgação dos arquivos, tem conseguido controlar os congressistas republicanos.
O líder democrata do Senado, Chuck Schumer, dirigiu-se hoje aos “colegas republicanos”, questionando a razão de se oporem aos esforços “depois de todos estes anos que passaram a clamar por responsabilização, por transparência, para que se esclareçam totalmente estes crimes horríveis” de Epstein.
A liderança republicana do Senado criticou Schumer, que forçou a votação processual ao inserir a emenda, por fazer manobras políticas com legislação de Defesa que costuma ter apoio bipartidário.
Os esforços democratas no Congresso envolvem ainda a aprovação na Câmara de Representantes, de maioria republicana, de uma “petição de quitação” que levaria a uma votação de legislação para obrigar o governo a divulgar os ficheiros de Epstein.
Quatro republicanos também assinaram esta petição, pelo que falta agora apenas um voto para alcançar o apoio necessário para potencialmente forçar uma votação.
Os democratas conquistaram esta semana mais um lugar na Câmara, depois de o deputado James Walkinshaw, a Virgínia, ganhar uma eleição especial.
O voto em falta poderá ser assegurado já no final deste mês, quando uma circunscrição eleitoral predominantemente democrata no Arizona realizará uma eleição especial para preencher uma vaga na câmara baixa.
Na semana passada, um grupo de vítimas de Jeffrey Epstein pediu “transparência” ao Congresso e apoiou uma iniciativa legislativa para pressionar o Departamento de Justiça a divulgar toda a documentação do caso.
Numa conferência de imprensa com vítimas de Epstein, os congressistas Ro Khanna e Thomas Massie criticaram que a maioria das mais de 33 mil páginas de documentos divulgados pela Câmara dos Representantes na semana passada tenha sido censurada ou já tornada pública no passado.
“Menos de 1% dos documentos (relacionados com Epstein) foram divulgados (…). Há algo de podre em Washington”, disse Khanna, um democrata da câmara baixa do Congresso.
O republicano, por sua vez, criticou diretamente o Departamento de Justiça, liderado pela ex-procuradora da Florida, Pam Bondi, aliada próxima do Presidente Donald Trump.
“A elite de Washington está a pedir ao público que acredite em algo que não é credível: que duas pessoas geraram centenas de vítimas, que agiram sozinhas e que o Departamento de Justiça não faz ideia de quem mais poderá estar envolvido”, disse Massie.
Trump tem insistido, sem provas, que o caso Epstein é uma “farsa democrata” para manchar a sua presidência.
O comité de supervisão da Câmara dos Representantes divulgou publicamente na semanada passsada os documentos que recebeu do Departamento de Justiça sobre as investigações de tráfico sexual que envolvem Epstein e a sua ex-namorada, Ghislaine Maxwell.
O Departamento de Justiça divulgou os ficheiros em resposta a uma intimação, mas a maioria dos ficheiros contém informações que já eram do conhecimento público.
A morte de Epstein em 2019 numa cela de prisão de Nova Iorque enquanto enfrentava acusações de tráfico sexual gerou amplas teorias da conspiração e especulações.