Do Bom Jesus em Braga ao Elevador da Glória. Quem foi o francês que assinou projetos que se tornaram históricos em Portugal

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Rauol Ronson Mesnier de Ponsard nasceu no Porto a 2 de abril de 1848. Foi um dos engenheiros mais emblemáticos da história de Portugal, conhecido por ter concebido e construído diversos elevadores e funiculares que se tornaram ícones arquitetónicos do país.

De origem francesa, filho de Jacques Robert Mesnier e Marie Élodie Ronson, Rauol cresceu no Porto, onde completou o ensino secundário, antes de se formar em Matemática e Filosofia na Universidade de Coimbra. Para se especializar em Engenharia Mecânica, viajou por França, Suíça e Alemanha, frequentando as principais escolas-oficina e colaborando com projetistas e fabricantes de material ferroviário.

O seu trabalho pioneiro começou com o Elevador do Bom Jesus, em Braga, inaugurado em 1882, considerado o mais antigo da Península Ibérica e um sucesso duradouro, que aplicava sistemas de cremalheira e contrapeso.

Também no Porto concebeu o Funicular dos Guindais, inaugurado em 1891, que funcionava a vapor, mas cujo percurso terminou tragicamente após um acidente em 1893.

A carreira de Mesnier floresceu em Lisboa, onde construiu alguns dos elevadores mais conhecidos da cidade: Lavra (1884), Glória (1885), Bica (1888), Santa Justa (1902), e vários outros extintos, como os de Estrela, Graça, Biblioteca, Chiado e São Sebastião.

O Elevador de Santa Justa, em estilo neogótico, continua a ser um dos marcos da arquitetura metálica portuguesa, frequentemente atribuído a Gustave Eiffel, mas que foi integralmente obra de Mesnier.

Além da engenharia civil, Mesnier também foi inventor. Em 1879 apresentou cinco projetos de armas de fogo, incluindo uma espingarda de guerra e um novo método de obturador para armas de culatra, produzidos sob sua supervisão no Arsenal do Exército.

Também desenvolveu o Aritmotecno, uma máquina aritmética precursora das atuais calculadoras, apresentada no Porto em 1882.

Casado em 1871 com Sofia Adelaide Ferreira Pinto Basto, Rauol Mesnier teve descendência e deixou um legado que ultrapassa a sua cidade natal.

O seu nome, ironicamente mais associado a Lisboa do que ao Porto, mantém-se como referência de inovação e engenharia no país.