
O Governo dos EUA vai mesmo ficar com 10% do capital social da Intel. O anúncio foi feito esta sexta-feira pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, que afirma que o Estado já tem um acordo fechado com a empresa em reestruturação. A entrada no capital vai ser feita através da conversão dos subsídios ao abrigo da Lei CHIPS em ações, no valor de 11 mil milhões de dólares – dinheiro destinado reforçar a produção de semicondutores para uso militar e comercial.
As ações da Intel chegaram a disparar 6,6% com o anúncio, mas, entretanto, reduziram os ganhos para 5,30%, com cada título a valer agora 24,74 dólares. Além da entrada do Governo norte-americano no capital da empresa, a Intel vai ainda beneficiar de uma injeção de 2 mil milhões de dólares por parte do Softbank, num movimento que os analistas estão a chamar como um voto de confiança para a empresa, que tem tentado dar a volta aos maus resultados registados em 2024 e a sua perda de influência no setor dos “chips”.
A concretização da conversão deste financiamento em capital da empresa poderá fazer do Estado norte-americano o maior acionista da Intel, numa altura em que também o Softbank está a entrar na estrutura da tecnológica. No entanto, ainda esta semana, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, garantiu que a entrada no capital da empresa não será feita na forma de “golden shares”, não vai ter direitos de voto nem vai pressionar as empresas a fazerem negócios com a Intel.
Em 2024, a Intel registou o seu primeiro ano de perdas em quase quarenta anos, com um resultado negativo em torno dos 18,8 mil milhões de dólares. Para inverter as contas da empresa, a tecnológica decidiu contratar Lip-Bu Tan como o seu novo CEO – um nome que, recentemente, foi criticado por Donald Trump, com o Presidente dos EUA a acusar Tan de ter laços “altamente conflituosos” com empresas chinesas.
A entrada no capital da Intel é só mais um movimento numa série de aproximações que o Governo norte-americano tem feito ao setor dos semicondutores. Recentemente, a administração Trump confirmou um acordo com a Nvidia e com a AMD para receber 15% das receitas das duas empresas com a venda de certos “chips” à China.