
As emissões de gases com efeito de estufa na União Europeia (UE) atingiram 900 milhões de toneladas de CO2 equivalente no primeiro trimestre de 2025, de acordo com dados divulgados pelo Eurostat. O valor representa um aumento de 3,4% em comparação com o mesmo período de 2024, quando as emissões tinham ficado nos 871 milhões de toneladas.
O crescimento registado superou o ritmo da economia europeia, já que o produto interno bruto (PIB) do bloco registou uma subida mais moderada, de 1,2% nos primeiros três meses do ano.
Entre os setores analisados, os maiores responsáveis pelas emissões foram as famílias (25,5% do total), o fornecimento de eletricidade e gás (19,3%) e a indústria transformadora (18,6%). No entanto, foram precisamente os dois primeiros que mais contribuíram para a subida registada no arranque de 2025: o setor da energia disparou 13,6% face ao período homólogo, enquanto as emissões ligadas às famílias aumentaram 5,6%.
Houve, ainda assim, áreas da economia que conseguiram reduzir o impacto ambiental, como é o caso do setor dos transportes que registou uma queda de 2,9% nas emissões, seguido da agricultura, silvicultura e pesca (-1,4%) e da indústria transformadora (-0,2%).
Entre os 27 Estados-membros, vinte países registaram aumentos, com destaque para Bulgária, Chéquia, Chipre, Hungria, Grécia e Polónia, todos com subidas superiores a 5%. No extremo oposto, sete países reduziram as suas emissões, entre os quais Malta (-6,2%), Finlândia (-4,4%) e Dinamarca (-4,3%), que registaram os maiores recuos.
Segundo o Eurostat, quatro desses países (Dinamarca, Finlândia, Malta e Suécia) conseguiram alcançar a chamada “desvinculação” entre o crescimento económico e o aumento das emissões, ao reduzir gases poluentes enquanto os seus PIB cresceram. Já a Estónia, Letónia e o Luxemburgo diminuíram emissões, mas também verificaram uma contração económica.
De acordo com a análise do Eurostat, os dados reforçam a dificuldade da UE em alinhar os objetivos de crescimento económico com a redução da pegada carbónica. “O aumento expressivo nas emissões associadas ao setor energético mostra a pressão que a transição verde ainda enfrenta num contexto de procura elevada por eletricidade e gás”, refere o gabinete estatístico europeu.
Estes números surgem num momento em que a UE procura acelerar o cumprimento das metas do Pacto Ecológico Europeu, que prevê uma redução de pelo menos 55% nas emissões até 2030 face a 1990. Ao nível da gestão de resíduos, a UE tem como objetivo garantir que pelo menos 60% dos resíduos municipais são reciclados até ao final desta década, um valor que ainda está longe dos 48,2% verificados em 2023.