Robert Lipovsky, investigador principal de Threat Intelligence da ESET, maior empresa europeia de cibersegurança, explica as competências e os traços de personalidade que todos os aspirantes a profissionais de cibersegurança devem ter para serem bem sucedidos neste setor em constante evolução.
Lipovsky foi convidado do podcast de cibersegurança da ESET, intitulado “Unlocked 403”, uma série de episódios que aborda temas relacionados com a segurança digital, com foco em educar e entreter o público sobre as últimas ameaças e tendências do setor.
Como começar uma carreira no setor da cibersegurança?
De acordo com o especialista da ESET, um bom começo passa por desenhar uma estratégia de aprendizagem pessoal clara, com um ponto de partida e objetivos bem definidos. «Comece por algum lado e comece a estudar e a aprender coisas que lhe interessam. Hoje em dia, existem muitos mais recursos do que há 10, 15 ou 20 anos. Nessa altura, as opções eram escassas, mas agora há uma abundância delas: cursos, tanto pagos como gratuitos, livros e até blogs na Internet», aconselha Lipovsky.
«Formas populares de melhorar as suas competências incluem participar em concursos CTF (“capture the flag”) e exercícios a que chamamos “crack me”, que são desafios em que se tem de decifrar algum código e descobrir uma palavra-passe para avançar para o próximo nível», exemplifica Lipovsky, argumentando que muitos destes exemplos «tornam a aprendizagem mais eficiente e divertida».
Competências mais procuradas no domínio da cibersegurança
O cenário de competências procuradas no ramo da cibersegurança, nomeadamente relacionadas com linguagens de programação e plataformas, encontra-se em evolução permanente, até porque a especialização em análise de malware vai sendo desenvolvida de acordo com o que os agentes de ameaças estão a utilizar. «Durante muito tempo o ambiente mais popular era o Windows, por isso as especializações mais comuns eram C e C++, mas hoje em dia estamos a caminhar cada vez mais para ambientes na cloud, ou seja, aplicações baseadas na web. Isto já acontece há anos, mas as tendências podem ser traduzidas para o conjunto de competências necessárias», explica o investigador principal de Threat Intelligence da ESET.
Lipovsky comenta também o burburinho existente em torno da inteligência artificial. «Já fazíamos investigação nessa área muito antes de ela se tornar tão popular. Implementámos IA pela primeira vez nas nossas soluções em 1997, mas tem-se tornado especialmente relevante nos últimos anos. A aprendizagem automática, especificamente, é uma área muito útil para se especializar, e prevejo que será muito procurada», antevê o convidado do Podcast “Unlocked 403”.
Três conselhos para uma carreira na cibersegurança
Finalmente, Robert Lipovsky deu três grandes conselhos para todos aqueles que se querem aventurar no mundo da cibersegurança. Em primeiro lugar, não se pode ficar parado, tendo em consideração o dinamismo que a área exige. Por isso mesmo, «é preciso continuar a aprender, continuar curioso e, para se destacar, é preciso querer isso, porque nem todos querem. É essencial querer aprender e adaptar-se continuamente, e isso nem sempre é fácil».
Em seguida, Lipovsky aconselha a não se preocupar demasiado em optar pelas diferentes funções e especializações existentes. O que interessa é ir descobrindo os seus interesses. Mesmo que não acerte à primeira tentativa, pode sempre evoluir e mudar. «Muitas pessoas com quem trabalhei mudaram o seu foco e a sua especialização; elas evoluem, especialmente quando fazem este tipo de trabalho há muito tempo. Pode sempre aprofundar-se num campo específico, mas também pode ampliar os seus horizontes, por isso não é um problema mudar de especialização», garante Lipovsky.
Para terminar, o investigador principal de Threat Intelligence da ESET lembra a importância da diversão em todo este processo. «Mantenha sempre a diversão e um equilíbrio saudável entre vida profissional e pessoal. Não seja como eu era no início, quando ficava no escritório até tarde porque perdia a noção do tempo, mergulhado em código. Cuide da sua saúde mental, evite o esgotamento e lembre-se de se divertir».
Pode ver e ouvir o podcast aqui.