Estados Unidos intensificam ações diplomáticas na Rússia e na Ucrânia

Com o prazo imposto por Donald Trump para a Rússia acabar com a guerra (até 8 de agosto), Washington enviou altos representantes para Moscovo e para Kiev durante este fim-de-semana.

epa12190386 US President Donald Trump delivers an address to the nation following US strikes on Iran’s nuclear facilities, at the White House in Washington, DC, USA, 21 June 2025. EPA/Carlos Barria / POOL

O enviado especial do presidente dos Estados Unidos para a Ucrânia, Keith Kellogg, era esperado este fim-de-semana na capital do país, Kiev. Ao mesmo tempo, outro enviado especial de Trump, Steve Witkoff, esteve na capital russa também este fim de semana. Trump confirmou a viagem de Witkoff na passada quinta-feira: “sim, vai para Israel e depois vai para a Rússia, acreditem ou não”, disse. A viagem de Witkoff foi “proposta pelos russos” no início desta semana – segundo adianta alguma imprensa ucraniana – e recebeu aprovação apesar do ceticismo inicial de Trump. O presidente teria dito a assessores que considerava a viagem “inútil”.

As missões diplomáticas ocorrem à medida que o prazo autoimposto por Trump para uma trégua com a Rússia, agora marcado para 8 de agosto, se aproxima rapidamente: é já na próxima sexta-feira. Trump tem expressado crescente frustração com o presidente russo, Vladimir Putin. Trump disse que espera impor sanções assim que o prazo expirar, embora tenha expressado dúvidas de que tais penalidades alterariam o comportamento de Putin. “Vamos impor sanções. Não sei se as sanções o incomodam”, disse. Espera-se que essas sanções assumam a forma de impostos secundários, que teriam como alvo países que continuam a comprar exportações russas, como petróleo. China e Índia seriam os países mais afetados.

Kellogg, um tenente-general reformado, visitou Kiev pela última vez há duas semanas. Durante a visita, encontrou-se com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e com outras autoridades para discutir o fortalecimento da defesa aérea ucraniana, o envio de armas de defesa e novas sanções contra a Rússia. Os ucranianos observaram que a Rússia se absteve de bombardear a capital durante a visita de Kellogg, que durou uma semana.

Todas estas movimentações surgem no quadro da chamada ‘crise dos submarinos nucleares’, que Trump mandou aproximar da Rússia – na sequência de declarações que Washington considerou muito preocupantes, proferidas pelo ex-presidente e ex-primeiro-ministro russo Dmitri Medvedev. Dois navios foram colocados de forma a constituírem uma ameaça clara a quaisquer intenções russas de voltar à retórica do uso de força nuclear.

Por outro lado, Zelensky, afirmou este domingo que as autoridades ucranianas estão a trabalhar para realizar uma troca de 1.200 prisioneiros, acordada com a Rússia. “Há um acordo para trocar 1.200 pessoas. O trabalho nas listas está em curso”, escreveu Zelensky nas redes sociais, acrescentando que a Ucrânia está a trabalhar para “desbloquear o regresso dos civis”, esclarecendo os dados de cada nome.

O presidente ucraniano anunciou o acordo após ter realizado uma reunião com o secretário de Segurança Nacional, Rustem Umérov, e com o chefe do Gabinete da Presidência, Andriy Yermak, sobre “a implementação dos acordos alcançados nas reuniões com representantes russos em Istambul e a preparação de um novo encontro”. De acordo com Zelensky, o chefe do Gabinete da Presidência “informou sobre a interação com parceiros-chave que estão a apoiar” a diplomacia ucraniana, “em particular os contactos com a parte norte-americana, e sobre os esforços para repatriar as crianças que foram sequestradas e levadas para a Rússia”.