EUA vão reviver Grande Depressão de 1929 se “tribunal de esquerda radical” suspender tarifas, diz Trump

O Presidente norte-americano, Donald Trump, dramatizou esta sexta-feira as consequências de uma possível suspensão da sua política de tarifas sobre importações por algum “tribunal de esquerda radical”, afirmando que tal resultaria numa Grande Depressão como a de 1929.

“As tarifas estão a ter um enorme impacto positivo no mercado bolsista. Quase todos os dias, são estabelecidos novos recordes. Além disso, centenas de milhares de milhões de dólares estão a entrar nos cofres do nosso país“, afirmou Trump na rede Truth Social.

“Se um tribunal da esquerda radical decidisse contra nós neste momento tardio, numa tentativa de derrubar ou perturbar a maior quantidade de dinheiro, criação de riqueza e influência que os Estados Unidos alguma vez viram, seria impossível recuperar ou pagar de volta estas enormes somas de dinheiro e honra. Seria novamente 1929, uma grande depressão!“, adiantou o Presidente norte-americano.

A política tarifária de Trump obriga os agentes económicos envolvidos nas atividades comerciais a pagar impostos sobre importações, e economias influentes têm alertado que isso poderá levar a uma subida da inflação, à medida que o aumento do custo de importação é transferido para o retalho e o consumidor final.

As taxas alfandegárias aplicadas pelos Estados Unidos atingem agora uma média de 20,1%, de acordo com os cálculos atualizados esta sexta-feira pela Organização Mundial do Comércio e do Fundo Monetário Internacional.

Este nível é o mais elevado desde o início da década de 1910, excluindo algumas semanas durante este ano, em que foram aplicados aumentos de tarifas que depois foram suspensos para negociações com os países afetados.

Esta taxa teórica era de apenas 2,4% na tomada de posse de Donald Trump, a 20 de janeiro de 2025.

Algumas destas sobretaxas foram consideradas ilegais por juízes de instâncias inferiores, que decidiram que um Presidente não tem o poder de impor tarifas indiscriminadas, estando a ser analisados recursos.

Esta sexta-feira, Trump pressionou as instâncias judiciais dizendo que qualquer sentença “contra a riqueza, a força e o poder da América”, deveria ter sido tomada “Há muito tempo, no início do caso, quando todo o país, embora nunca tivesse tido a hipótese de alcançar este tipo de grandeza novamente, não teria sido posto em perigo ao estilo de 1929”.

“Não há forma de os Estados Unidos recuperarem de uma tragédia judicial como esta, mas conheço o nosso sistema judicial melhor do que ninguém. Não há ninguém na história que tenha passado por provações, tribulações e incertezas como eu, e coisas absolutamente terríveis, mas também incrivelmente belas, podem acontecer. O nosso país merece sucesso e grandeza, não turbulência, fracasso e desgraça”, adiantou Trump.

Trump implementou, em várias vagas, novas sobretaxas sobre os produtos importados, defendendo que a medida vai levar os fabricantes estrangeiros a investirem em produção nos Estados Unidos, para contornar a barreira alfandegária e manter acesso ao maior mercado do mundo, a par da União Europeia.

As tarifas variam de 10% a 50%, dependendo da situação e do país; em situaçoes como a do Brasil, taxado ao máximo, Trump invocou casos políticos e até judiciais no país sul-americano para justificá-las como uma medida retaliatória.

Outras tarifas afetam setores específicos, como automóvel, aço, alumínio ou cobre.

Trump continua a ameaçar impor mais taxas em nome da proteção da indústria norte-americana, especialmente dos produtos farmacêuticos e semicondutores, ou para repreender determinados países ou líderes por razões políticas.