
Questionado sobre a alcunha ‘Bota-lume’, João Almeida falou sobre a cronometragem dos tempos no ciclismo e que pegou rapidamente entre amigos. Sobre o segundo lugar na Vuelta, João Almeida considerou-o o maior feito da carreira.
“Sim, sem dúvida. Já consegui alcançar o segundo lugar na Volta a Itália. É quase igual ao segundo, mas tendo em conta o contexto e também a forma como fiz o segundo lugar, diria que este é um resultado com mais significado e mais perto da vitória”
, afirmou.
O ciclista de A-dos-Francos afirmou que não tem arrependimentos e que para o primeiro lugar, conseguido por Jonas Vingegaard, faltou maior capacidade física, especialmente por ter ficado engripado na última semana de prova. Sobre a competição que dura três semanas, João Almeida explicou que o treino é de muitos anos e que quando se compete o atleta já está ao mais alto nível e que o grande truque para o manter é saber recuperar.
Ciclista da UAE Emirates, João Almeida acredita que o triunfo no Alto do L’Angliru foi um dos momentos mais marcantes e decisivos na caminhada que fez na Volta a Espanha.
“É uma das subidas mais duras do mundo e percebi claramente que conseguia quase vencer esta Volta, era uma possibilidade, uma realidade muito possível. Mas desde o primeiro dia que acreditava que conseguia e que estava num nível muito bom”.
E admitiu que Jonas Vingegaard, vencedor da Vuelta, é um dos melhores do mundo.
“Estive sempre muito próximo dele. Inclusive, consegui superá-lo uma vez ou duas, o que me deu aquela confiança extra para continuar a tentar. Sabia que estava perto mas sabia que não ia ser nada fácil”.
Várias etapas da Vuelta ficaram marcadas por protestos Pró-Palestina com um contrarrelógio, em Valladolid, a ser encurtado e com a última etapa em Madrid a ser cancelada e com a polícia a entrar em confronto com os manifestantes. João Almeida acredita que tais protestos acabaram por interferir na corrida e que tiraram brilho ao espetáculo que os fãs estão habituados a ver.
O ciclista acredita que todos têm o direto a protestar mas pede maneiras corretas de o fazer, alegando que colocaram, inclusivamente, a segurança dos atletas em causa.
As características de João Almeida“Acho que sou um corredor que nunca desiste, muito consistente. Considero-me um corredor bastante forte e também não podem ignorar-me muito por assim dizer”.
Em termos de rotinas de treino, João Almeida destacou a alimentação correta e várias horas de treino em altitude, com a família a ficar em segundo plano. A dieta também tem de ser consistente porque um quilo a mais pode significar maior esforço nas subidas.
A tecnologia também tem feito a diferença na maneira como se pratica a modalidade, que acaba por ser individual e coletiva. João Almeida destacou que sem os colegas nada se ganha.
“Ganha, no fundo, quem for mais forte mas se quem for mais forte, gasta mais energia vai chegar mais desgastado à final. Assim peço aos meus companheiros para me trazerem abastecimento, água, barras energéticas, géis”, continuou.
Para preparar uma Volta a Espanha, o ciclista admitiu que precisa de pelo menos um mês de preparação. Sobre o apoio do público, João Almeida destacou a importância de saber que tem pessoas que lhe são próximas a apoiar.
E percebeu que tinha condições para lutar com os melhores quando tinha 18, 19 anos. “Percebi que podia fazer disto a minha vida e ser um ciclista com alguma atenção e capacidade para estar na frente”.
Sobre as condições financeiras, João Almeida admitiu que é necessária uma gestão inteligente mas que pode viver dos rendimentos que ganhou ao longo do tempo que tem competido.
“Venho de famílias humildes, em que nunca tivemos muito dinheiro. Comecei a ganhar bastante bem, sei bem de onde venho e dou bastante valor ao dinheiro que tenho. E acho que é importante saber investir o nosso dinheiro e gastar nas coisas certas”.
E ainda explicou que os prémios são divididos por toda a equipa. “Todos são importantes”.