Guerra na Ucrânia. Líderes europeus reúnem-se com Trump em Washington

Os líderes da Grã-Bretanha, Alemanha, França, Itália, Finlândia, União Europeia e NATO esperam apoiar Zelensky num momento diplomático crucial da guerra e evitar qualquer repetição do encontro acalorado entre Trump e o líder ucraniano no Sala Oval em fevereiro.Trump vai receber primeiro o líder ucraniano Zelensky às 13h15 locais, (18h15 em Lisboa), no Sala Oval, e depois todos os líderes europeus na Sala Leste da Casa Branca às 15h00 (20h00 em Lisboa).

“O presidente ucraniano, Zelensky, pode pôr fim à guerra com a Rússia quase imediatamente, se quiser, ou pode continuar a lutar. Lembrem-se de como tudo começou. Não há hipótese de recuperar a Crimeia cedida por Obama (há 12 anos, sem que um único tiro fosse disparado) e NÃO HÁ HIPÓTESE DE A UCRÂNIA ENTRAR NA NATO”, escreveu Trump na sua plataforma Truth Social.

Depois destas declarações de Donald Trump, o presidente ucraniano escreveu na rede social X que está “grato” ao presidente norte-americano pelo encontro e frisou: “Todos nós temos o profundo desejo de pôr fim a esta guerra de forma rápida e fiável. E a paz deve ser duradoura”.

“A Rússia deve acabar com esta guerra – a guerra que começou. E espero que a nossa força comum com os Estados Unidos e com os nossos amigos europeus obrigue a Rússia a uma paz real”, acrescentou.

Precedida por novos ataques russos mortíferos a várias cidades ucranianas, a reunião na Casa Branca será a primeira neste formato desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022.
O encontro deve permitir abordar, em particular, possíveis concessões territoriais e o fornecimento de garantias de segurança, para pôr fim ao conflito mais sangrento na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.A reunião desta segunda-feira em Washington foi marcada no sábado, após a cimeira entre o líder norte-americano e o homólogo russo, Vladimir Putin, na véspera, no Alasca, que terminou sem um acordo de cessar-fogo, como pretendia Donald Trump.

O cessar-fogo tem sido colocado por Kiev como condição prévia para quaisquer negociações.

Após o encontro com Putin e contactos com Zelensky e líderes europeus, o presidente dos EUA passou a defender um acordo de paz como solução para a guerra na Ucrânia, iniciada com a invasão russa em fevereiro de 2022, argumentando que as tréguas falham frequentemente.“Coligação dos Dispostos”
Zelensky viaja para os Estados Unidos acompanhado por uma importante comitiva europeia em representação da denominada Coligação dos Dispostos, que inclui a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e os líderes de França, Reino Unido, Alemanha, Finlândia e Itália, além do secretário-geral da NATO.

Temendo serem excluídos da conversa após uma cimeira para a qual não foram convidados, os líderes europeus realizaram uma chamada com Zelensky no domingo para alinhar uma estratégia comum para a reunião com Trump esta segunda-feira.

A última visita do presidente ucraniano à Casa Branca remonta a 28 de fevereiro, quando foi repreendido e humilhado publicamente na Sala Oval por Donald Trump e pelo seu vice-presidente JD Vance, que lhe reprovaram a falta de reconhecimento pelo apoio americano. A presença de aliados europeus importantes para apoiar Zelensiy pode aliviar as memórias dolorosas da última visita do presidente ucraniano à Sala Oval.

O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, em declarações à CBS, rejeitou a ideia de que os líderes europeus fossem a Washington para proteger Zelensky.

“Eles não vêm aqui amanhã para impedir que Zelensky seja intimidado. Eles vêm aqui amanhã porque temos trabalhado com os europeus. Nós convidámo-los a vir”, afirmou.

As relações entre Kiev e Washington, outrora extremamente próximas, têm sido instáveis desde que Trump assumiu o cargo em janeiro.

No entanto, a necessidade premente da Ucrânia por armas e partilha de informações dos EUA, algumas das quais sem alternativa viável, forçou Zelensky e os seus aliados europeus a apaziguar Trump, mesmo quando as suas declarações parecem contraditórias aos seus objetivos.

A questão das garantias de segurança oferecidas a Kiev em troca de um compromisso deverá ocupar um lugar central nas discussões desta segunda-feira.

Ao regressar do Alasca, Donald Trump mencionou a possibilidade de uma cláusula de segurança coletiva inspirada no artigo 5.º da NATO, mas fora do âmbito da Aliança Atlântica, considerada por Moscovo como uma ameaça existencial.

Segundo o presidente francês, Emmanuel Macron, os europeus vão perguntar a Trump “até que ponto” ele se juntará às garantias de segurança.
O presidente norte-americano deu a entender que poderá haver uma cimeira
tripartida com Putin e Zelensky, se “tudo correr bem” quando receber o presidente ucraniano.

Em caso de fracasso das negociações, o chefe da diplomacia americana, Marco Rubio, advertiu que Washington poderia tomar “novas sanções” contra Moscovo.

O Kremlin, que tem vantagem na frente, é acusado há muito tempo por Kiev e seus aliados de ganhar tempo mantendo exigências maximalistas.

No campo de batalha, a Rússia tem avançado lentamente, aproveitando as suas vantagens em termos de homens e poder de fogo. Putin afirma estar pronto para continuar a lutar até que os seus objetivos militares sejam alcançados.

A Ucrânia espera que a natureza tecnológica em constante mudança da guerra e a sua capacidade de infligir baixas massivas a Moscovo lhe permitam resistir, apoiada pela ajuda financeira e militar europeia, mesmo que as relações com Washington entrem em colapso.Ataque com drone russo em Kharkiv matou cinco pessoas


Segundo a Força Aérea da Ucrânia, a Rússia lançou, na última noite, quatro mísseis e 140 drones, dos quias 88 foram abatidos.

Um ataque com drone russo em Kharkiv, no leste da Ucrânia, causou pelo menos cinco mortos e mais de uma dezena de feridos, informaram as autoridades locais. “Cinco pessoas morreram, incluindo uma menina de cerca de um ano e meio“, disse o Ministério Público ucraniano, especificando que “pelo menos 18 pessoas ficaram feridas”.

As autoridades ucranianas relataram durante a noite bombardeamentos russos nas regiões de Sumy (nordeste), Odessa (sul) e Kharkiv, onde foram particularmente destrutivos.

A Rússia continua a matar deliberadamente civis”, denunciou o chefe da administração presidencial Andriï Iermak no Telegram, divulgando imagens de um edifício em chamas em Kharkiv.

Nessa cidade, os serviços de emergência afirmaram que a Rússia lançou “um ataque maciço a um bairro residencial” por volta das 5h00 locais (3h00 em Lisboa), atingindo um edifício de cinco andares que pegou fogo em vários locais e sofreu destruições significativas.

No início da noite, a cidade próxima da fronteira russa, e a segunda maior do país antes da invasão russa lançada em fevereiro de 2022, foi bombardeada por um míssil balístico russo, causando pelo menos 11 feridos, segundo o presidente da câmara Igor Terekhov.

Em Sumy, o chefe da administração militar regional, Oleg Grygorov, informou que ataques russos, com uma bomba e depois um drone, ferirem duas pessoas.

Na região de Odessa, ataques com drones provocaram incêndios em “infraestruturas energéticas”, rapidamente extintos, segundo o chefe da administração militar regional, Oleg Kiper. Não foram registadas vítimas.

c/ agências