
Considerando a zona de jurisdição marítima (mar territorial, zona económica exclusiva e plataforma continental), Portugal tem uma das maiores Zonas Económicas Exclusivas da União Europeia, com cerca de 1,7 milhões de km², o que representa 18 vezes a área terrestre do país. Esta vasta ZEE reforça a importância estratégica do mar para a economia portuguesa e a relevância das profissões marítimas.
A ligação de Portugal ao mar é muito mais do que geográfica: é histórica, cultural e, acima de tudo, económica. Num contexto global em que mais de 80% do comércio internacional se faz por via marítima, o setor marítimo assume-se como vetor central da economia portuguesa e da sua projeção internacional.
A Escola Superior Náutica Infante D. Henrique (ENIDH) é uma instituição pública de ensino superior com mais de 100 anos de atividade dedicada ao mar. A sua missão é formar profissionais qualificados para a economia do mar, que desenvolvem funções a bordo de navios e em terra, em áreas como navegação, logística portuária, manutenção naval e inspeção marítima.
A transição energética e digital também está a transformar as profissões marítimas. A descarbonização do setor marítimo, a automação dos sistemas de navegação, a monitorização ambiental e a cibersegurança marítima são hoje áreas de especialização crescente, exigindo novas competências e uma formação contínua que a ENIDH tem vindo a integrar nas suas ofertas educativas.
Num contexto de escassez global de marítimos qualificados – especialmente oficiais de pilotagem e oficiais de engenharia de máquinas marítimas – Portugal tem aqui uma vantagem competitiva a explorar.
Com um sistema de ensino náutico reconhecido internacionalmente, somos capazes de formar profissionais aptos para operar em frotas de bandeiras internacionais, reforçando as exportações de serviços e a nossa presença nos grandes corredores marítimos do mundo.
Investir nas profissões marítimas é investir no crescimento económico, na segurança energética, na sustentabilidade ambiental e na soberania marítima. É imperativo que o país reconheça o valor estratégico destas carreiras e reforce a articulação entre a formação superior, as empresas e as políticas públicas do mar.
É igualmente importante que os jovens candidatos ao ensino superior tenham consciência de que em Portugal existem cursos diretamente orientados para o setor marítimo e portuário, com elevada empregabilidade e relevância nacional.
Entre estes encontram-se Engenharia de Máquinas Marítimas, Pilotagem, Gestão de Transportes e Logística, Gestão Portuária, Engenharia Eletrotécnica Marítima e Engenharia Informática e de Computadores aplicada ao setor marítimo e portuário, todos eles com forte procura e pertinência no mercado.
Importa ainda sublinhar que os rendimentos brutos anuais dos diplomados nestas áreas, particularmente nas profissões marítimas, são bastante elevados quando comparados com outras licenciaturas mais conhecidas – níveis que evidenciam o reconhecimento económico dessas qualificações a nível internacional.
A economia do mar em Portugal não é apenas sobre transporte: inclui turismo costeiro, aquacultura, biotecnologia azul, energias offshore e inovação portuária. Estes setores estão a crescer impulsionados pela digitalização, transição energética e sustentabilidade ambiental, áreas onde cada vez mais os profissionais especializados são valorizados.
É importante que a sociedade civil, e em particular, os jovens candidatos ao ensino superior, reconheçam a importância e o valor estratégico das profissões marítimas.