
Apesar da condenação dos ataques israelitas pela comunidade internacional devido à flagrante violação da soberania de outro Estado, o representante de Israel na ONU, Danny Danon, respondeu desafiadoramente: “Esta deve ser uma mensagem que ressoe nesta câmara: não há refúgio seguro para terroristas, nem em Gaza, nem em Teerão, nem em Doha. Não há impunidade para terroristas”.
“Israel agirá contra líderes terroristas, onde quer que eles se escondam”, insistiu.
Embora o Qatar desempenhe um papel reconhecido como mediador – a par dos Estados Unidos e do Egito – na guerra entre Israel e Hamas, o embaixador israelita não poupou nas investidas contra esse país, representado na reunião pelo primeiro-ministro, Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, que viajou a Nova Iorque exclusivamente para participar na sessão de emergência do Conselho de Segurança da ONU.
“Por muito tempo”, disse Danon, “o Qatar abrigou terroristas e ofereceu refúgio aos líderes do Hamas em hotéis de luxo, a partir dos quais planeiam massacres e ataques terroristas”.
Danon alertou: “Ou o Qatar condena o Hamas, expulsa-o e leva-o à justiça, ou Israel o fará”.
Por outro lado, o Qatar avaliou que Israel “não se importa com os reféns”, cuja libertação estaria a ser negociada no momento do ataque.
A afirmação foi feita pelo primeiro-ministro do Qatar, que discursou perante o Conselho de Segurança antes de Danon, afirmando que os ataques israelitas em Doha demonstram que a nação hebraica “não se importa com os reféns” mantidos pelo Hamas.
Os ataques de terça-feira “mostram que os extremistas que atualmente governam Israel não se importam com os reféns (…). Como, então, justificaríamos o momento deste ataque [em plena negociação]?”, questionou o primeiro-ministro.
Al Thani declarou que atacar o território do Qatar enquanto as negociações de paz estavam em marcha expôs a intenção de Israel de “minar qualquer perspetiva de paz e perpetuar o sofrimento do povo palestiniano”.
O Qatar insistiu hoje que as áreas residenciais que foram atacadas “são conhecidas” por todas as partes envolvidas nas negociações, incluindo diplomatas e jornalistas.
Também observou que entre as vítimas estavam civis e membros das forças de segurança que trabalhavam na área.
“Este ataque está muito aquém do comportamento civilizado de Estados que acreditam na paz”, observou o líder do Qatar.
Embora tenha afirmado que o seu país não toleraria “nenhum ataque” à soberania, Al Thani garantiu que responderá à ofensiva “através dos instrumentos garantidos pelo direito internacional”, uma vez que está focado na “paz” e não será dissuadido por “aqueles que clamam por guerra e destruição”.
Também manteve o compromisso do Qatar com as negociações, as quais definiu como “o único caminho para a paz”, assim como com um cessar-fogo, a libertação de todos os reféns e a entrada incondicional de ajuda humanitária no enclave palestiniano.
Antes de Al Thani afirmar que Israel “não se importa com os reféns”, os Estados Unidos haviam considerado “inapropriado” que qualquer país usasse os ataques a Doha para questionar o empenho de Telavive em recuperar os reféns.
Desde o ataque sem precedentes do Hamas a Israel em 07 de outubro de 2023 e as represálias israelitas na Faixa de Gaza, o Conselho de Segurança ficou em grande parte paralisado sobre esta questão devido aos repetidos vetos, particularmente dos Estados Unidos, o maior aliado de Telavive.