
A petição exige a “autorização imediata das autoridades israelitas e do Hamas para permitir a entrada de jornalistas estrangeiros em Gaza para reportar de forma independente”.
Caso as parte beligerantes não acedam ao apelo, estes jornalistas afirmam “o seu apoio aos colegas profissionais dos meios de comunicação social que, por quaisquer meios legítimos, de forma independente, coletiva ou em coordenação com atores humanitários ou da sociedade civil, optem por entrar em Gaza sem o consentimento das partes envolvidas”.
Entre os subscritores encontram-se os jornalistas Adelino Gomes, Cândida Pinto, José Manuel Rosendo e Paulo Moura, Anthony Loyd, do jornal The Times, Christiane Amanpour e Anderson Cooper, da CNN, Stuart Ramsay, da Sky News, assim como a organização Repórteres Sem Fronteiras, através do seu diretor-geral, Thibaut Bruttin.
“Como demonstrado pelo legado dos nossos colegas mortos, incluindo Marie Colvin, James Foley, Chris Hondros, Tim Hetherington, Remí Ochlik e Steven Sotloff, é eticamente legítimo que os jornalistas entrem em zonas de conflito sem aprovação oficial quando a urgência de testemunhar supera o silêncio imposto pelas agendas políticas ou militares”, pode ler-se numa carta aberta.
De acordo com estes jornalistas, está em causa o “direito universal à reportagem independente e in loco em zonas de conflito em todo o lado”.
“O acesso irrestrito e independente para os jornalistas estrangeiros é urgentemente necessário, não apenas para documentar a catástrofe em curso, mas para garantir que a verdade desta guerra não é ditada por aqueles que controlam as armas e a narrativa”, pode ler-se na carta aberta.
A petição apela ao Governo israelita para que levante imediatamente as restrições aos jornalistas, e aos grupos armados para que garantam a sua segurança e respeitem o seu estatuto protegido pelas Convenções de Genebra.
Pede ainda o apoio dos governos, organizações de liberdade de imprensa e sociedade civil, assim como das organizações de comunicação social com quem trabalham os jornalistas que assinam a petição.
Desde o início da guerra israelita em Gaza, em retaliação pelo ataque do movimento islamita palestiniano Hamas a Israel a 07 de outubro de 2023 (que fez cerca de 1.200 mortos e 251 reféns), foram mortos pelo menos 60.933 habitantes de Gaza, quase metade dos quais crianças e mulheres, e mais de 150.000 ficaram feridos, segundo os registos das autoridades sanitárias, considerados pela ONU fidedignos.
Perante as frequentes alegações de crimes de guerra cometidos na Faixa de Gaza, os jornalistas salientam que “deve ser do interesse de todas as partes que estas alegações sejam investigadas por jornalistas independentes”.
Os jornalistas sublinharam ainda que durante o conflito em curso “quase 200 jornalistas foram mortos, a grande maioria palestinianos, tornando este o conflito mais mortífero para a imprensa de que há registo”.
Entre os jornalistas, profissionais dos media e apoiantes da liberdade de imprensa portugueses que assinaram a petição estão também Paulo Nunes dos Santos, Alfredo Leite, Patrícia Fonseca, Carlos Fino, Sergio Furtado, Isabel Lucas, Rui Caria, Henriqueta Fernandes, Catarina Neves, Pedro Miguel Santos, Filipa Melo, Ana Paredes, Isabel Freire, José Monteiro, Ricardo Rodrigues, António Galvão, Sofia Quintas e Margarida Salema.
Assinam também a petição personalidades portuguesas como a escritora Ana Teresa Pereira, os cineastas Pedro Neves e Ricardo Espírito Santo, a investigadora Ana Vieira e as professoras Isabel Liberato e Maria Teresa Nobre Correia.
Entre os jornalistas estrangeiros encontram-se ainda Christina Lamb e Louise Callaghan do jornal The Sunday Times, Richard Engel, da NBC News, Christoph Reuter, da Der Spiegel, Stephanie Le Bars, do Le Monde, Luis de Vega, do El País, Javier Espinosa Robles, do El Mundo, e Jon Lee Anderson, da revista The New Yorker, numa lista de mais de 300 profissionais, encabeçada pelo fotojornalista britânico Don McCullin.