Largarde: Mercado de trabalho resistiu bem aos choques recentes

O mercado de trabalho europeu superou os choques recentes de uma forma “inesperadamente boa”, auxiliado por uma combinação de ventos favoráveis globais e forças internas” e mostrou-se “surpreendentemente resiliente” perante o choque inflacionário e  aumentos agressivos nas taxas de juros, afirmou a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, este sábado em Jackson Hole, no simpósio anual da Reserva Federal norte-americana (Fed).

O emprego cresceu 4,1% entre o final de 2021 e meados de 2025, quase o mesmo que a economia e quase o dobro do que uma regra económica estabelecida sugeriria, afirmou.

Segundo disse, o crescimento do emprego na zona do euro tem sido significativamente mais forte do que os padrões históricos teriam previsto, mas está acompanhado por um declínio na média de horas trabalhadas.

A presidente do BCE argumentou que o aperto das políticas e a correspondente desinflação coincidiram com um alívio das restrições de oferta em todo o mundo, uma queda acentuada nos preços da energia e políticas fiscais proativas.

Destacou também uma resposta tardia dos salários à inflação, que sustentou o aumento do emprego, a redução das horas trabalhadas e a expansão da oferta de mão-de-obra.

Lagarde ainda destacou a relação da migração com o mercado de trabalho europeu, admitindo que a migração pode, em princípio, desempenhar um papel crucial no alívio das restrições de oferta de mão-de-obra em algumas regiões.

“Olhando para o futuro, é difícil afirmar com certeza se os padrões dos últimos anos persistirão”, disse Lagarde, que defendeu que “devemos ser cautelosos ao presumir que essa constelação única de forças perdurará.”