
Sergey Lavrov, Ministro dos Negócios Estrangeiros russo, disse numa rara e exclusiva entrevista ao programa “Meet the Press”, da NBC News, de Kristen Welker, nesta sexta-feira, que o líder ucraniano rejeitou os termos propostos por Trump para um acordo. Mas afirmou que o presidente russo Valdimir Putin quer a paz na Ucrânia.
Sergey Lavrov, Ministro dos Negócios Estrangeiros russo, disse numa rara e exclusiva entrevista ao programa “Meet the Press”, da NBC News, da jornalista Kristen Welker, nesta sexta-feira, que o líder ucraniano rejeitou os termos propostos por Trump para um acordo. Mas afirmou que o presidente russo Valdimir Putin quer a paz na Ucrânia.
“Putin está pronto para se reunir com Zelensky quando a agenda estiver pronta para uma cimeira, e essa agenda não está pronta de forma alguma”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergey Lavrov.
“Portanto, sim, Putin está pronto para o encontro, mas não nos podemos encontrar só para Zelensky tirar uma fotografia e dizer que agora sou legítimo. A legitimidade é outra questão, porque, independentemente de quando esse encontro possa acontecer, e deve ser muito bem preparado, a questão de quem vai assinar o acordo do lado ucraniano é uma questão muito séria”, disse.
O ministro russo referiu ainda que reconhece Zelensky como chefe de facto do regime e “nessa qualidade, estamos prontos para nos encontrarmos com ele. Mas, quando se trata de assinar documentos legais, precisamos de um entendimento muito claro de todos de que a pessoa que está a assinar é legítima e de acordo com a Constituição ucraniana, o Sr. Zelensky não o é, neste momento”, referindo-se ao facto de o mandato de cinco anos do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, ter terminado no dia 20 de maio de 2024, mas devido à lei marcial adotada por conta da guerra com a Rússia, não foram realizadas eleições no país.
“Queremos a paz na Ucrânia e o presidente Trump quer a paz na Ucrânia”, disse Lavrov. “A reacção à reunião de Anchorage dos representantes europeus depois da reunião em Washington indica que não querem a paz”, disse ainda.
“O Presidente Trump sugeriu, depois de Anchorage, vários pontos que partilhámos e, em alguns deles, concordámos em… mostrar alguma flexibilidade”, disse o ministro russo na entrevista, referindo-se ao encontro de 15 de agosto com Putin no Alasca.
“Quando o Presidente Trump trouxe… estas questões para a reunião em Washington”, continuou Lavrov, “ficou muito claro para todos que existem vários princípios que Washington acredita que devem ser aceites, incluindo a não adesão à NATO, incluindo a discussão de questões territoriais, e Zelensky disse não a tudo”.
Lavrov acrescentou que Zelensky “até disse não ao cancelamento da legislação que proíbe a língua russa na região do Donbass, no leste da Ucrânia”.
Sergey Lavrov disse que “não temos interesse em territórios. Temos o maior território do planeta. O que nos preocupa, ao contrário daqueles que levantam a questão da invasão, é a defesa do povo que vive nessas terras, cujos antepassados ali viveram séculos e séculos, fundaram cidades, construíram fábricas, portos e desenvolveram a agricultura”.
Sobre as garantias de segurança Lavrov disse que “a segurança indivisível é algo consagrado em muitos documentos adotados por consenso nas cimeiras da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa, em particular em Istambul, em 1999, e em Astana, em 2010. Este princípio é o seguinte: ninguém pode reforçar a sua segurança à custa da segurança dos outros”.
Lavrov foi questionado pela jornalista da NBC sobre os ataques a alvos civis “cerca de 50.000 civis foram mortos ou feridos nesta guerra”, disse Kristen Welker. Na resposta disse que “a Rússia nunca ataca deliberadamente quaisquer alvos civis”. O ministro russo justificou o ataque à fábrica de máquinas de café que tem capital dos Estados Unidos como sendo um alvo militar camuflado. “A nossa inteligência tem muito boa informação e, como já disse, só temos como alvo empresas militares, instalações militares ou empresas industriais diretamente envolvidas na produção de equipamento militar para o exército ucraniano”, disse à jornalista norte-americana.
“Mas os factos de ucranianos atingirem alvos civis propositadamente são abundantes, e estão disponíveis nas informações que estamos a fazer circular para a comunidade internacional”, acrescentou Lavrov.
Sobre as intenções da Rússia, foi questionado por Kristen Welker sobre a sweatshirt que usava quando desembarcou no Alasca, que dizia URSS, se era um sinal de que a Rússia quer restabelecer a antiga União Soviética? Sergey Lavrov respondeu que “Não” e citou o Presidente Putin dizendo que “tem afirmado repetidamente que aqueles que não lamentam o que aconteceu à União Soviética não têm coração. Mas aqueles que querem restaurar a União Soviética não têm cérebro. Esta é uma afirmação absolutamente correta”.
“Reconhecemos todas as ex-repúblicas soviéticas como Estados independentes. Desenvolvemos relações com elas como Estados totalmente independentes. Mas quando países como a Ucrânia começam a exterminar física e legalmente tudo o que é russo (…)”, disse.
“Propusemos por diversas vezes uma resolução pacífica, com base diplomática, e, como disse, não fomos nós que praticamente arruinámos o acordo em Abril de 2022. Foram Boris Johnson e vários funcionários do governo de Biden, os franceses e os alemães. Sabemos disso”, disse.