
Martim Mayer emitiu esta quarta-feira um comunicado onde critica o afastamento do Benfica da discussão do tema da centralização dos direitos televisivos.
O candidato à liderança do clube da Luz acredita que esta postura, que apelida de “passiva”, poderá trazer muito prejuízo para os encarnados.
“É para mim inaceitável deixar que este processo progrida, e se a atual direção do Benfica se mantiver com este grau de passividade, o prejuízo para o clube será gigantesco. O Benfica tem a obrigação de denunciar esta situação e de o fazer sem reservas. Não pode continuar a deixar que o processo avance sem a sua decisiva participação”, escreve Martim Mayer.
No mesmo comunicado, Martim Mayer considera o tema da centralização dos direitos televisivos algo com implicações diretas nas finanças do Benfica, uma vez que, segundo o mesmo, estão em causa “40% das receitas do clube”.
Confira o comunicado na íntegra
“A decisão sobre a centralização dos direitos televisivos só faz sentido se o objetivo final for a valorização do Produto Futebol Português.
A Liga centralização pretende negociar os direitos televisivos sem investimento e tornando-se instantaneamente num especialista na matéria. Como se isso fosse possível!
Se assim for, o resultado só pode ser mau e esta oportunidade para o futebol português sairá fracassada. Pior, teremos 17 clubes a hipotecar o futuro do futebol português em troca de um encaixe financeiro que será feito à conta de um só clube: O Benfica. E isso é inadmissível.
Se olharmos para o exemplo da Liga espanhola e da Liga francesa, verificamos que em ambos os casos houve a entrada de um investidor institucional que garantiu capacidade de investimento para melhorar o produto televisivo e também o posicionamento estratégico de quem já está bem implementado nos canais de venda do produto. Um especialista na área e não alguém sem qualquer experiência ou implementação no negócio.
A Liga centralização já recebeu propostas semelhantes de várias instituições estratégicas no setor, para fazerem o que é também inevitável para a Liga Portugal: investir 400 milhões de euros direcionados para a melhoria da infraestrutura dos Estádios de todos os clubes da Liga para uma melhoria drástica do produto televisivo e, simultaneamente, colocar o produto futebol português no Mundo através dos mesmos canais com que têm divulgado as ligas anteriormente referidas.
Neste caso, acontece o incontornável investimento necessário e garante-se o posicionamento do produto através da entrada de um parceiro estratégico, mas misteriosamente a Liga Centralização insiste em ignorar esta via. Porque será?
É para mim inaceitável deixar que este processo progrida, e se a atual direção do Benfica se mantiver com este grau de passividade, o prejuízo para o clube será gigantesco.
O Benfica tem a obrigação de denunciar esta situação e de o fazer sem reservas. Não pode continuar a deixar que o processo avance sem a sua decisiva participação. Pelo contrário, tem de garantir que a via escolhida é a certa para o futebol português e é a certa para o Benfica: defender de imediato a entrada do parceiro estratégico e marcar o ritmo do processo de negociação e concretização da operação.
Ou será que 40% das receitas do clube não têm suficiente peso eleitoral para que se preste ao tema a devida atenção?
Não basta apontar o dedo ao que está a ser mal feito porque isso não resolve o problema. É preciso indicar a solução. Esta é a solução que proponho e apelo a todos os Sócios para que juntos façamos a pressão necessária para garantir a defesa dos interesses do Benfica.
É que neste processo de centralização dos direitos televisivos, não há meio termo: ou paga o investidor estratégico ou paga o Benfica.”