“Megacaps” lideram recuperação de Wall Street. Analistas preveem descida acentuada do S&P 500

Os três principais índices de ações norte-americanos apagaram e voltaram aos ganhos, numa altura em que os investidores pesam alguns resultados empresariais do último trimestre e apostam cada vez mais num corte das taxas de juro pela Reserva Federal no encontro de setembro. 

O otimismo quanto a uma flexibilização monetária no próximo mês surge após  o Gabinete de Estatísticas Laborais dos EUA reviu em baixa a criação de emprego nos meses de maio e junho, de 144 mil para 19 mil e de 147 mil para 14 mil, respetivamente. Além disso, em julho foram criados apenas 73 mil empregos, abaixo dos 104 mil esperados pelos analistas. Este “atropelo” ao emprego norte-americano faz soar os alarmes de que, afinal, a economia dos EUA não está tão robusta como se pintava até agora. 

A saúde do mercado de trabalho era um dos argumentos do banco central para manter as taxas de juro inalteradas. Agora, a probabilidade de a Fed cortar as taxas já em setembro disparou para mais de 80%, segundo dados citados pela Reuters. 

A descida das taxas de juro tende a beneficiar as ações. Assim, o S&P 500 subiu 1,47% para os 6.329,94 pontos – o maior ganho desde maio -, o Dow Jones ganhou 1,34% para 44.173,64 pontos e o Nasdaq Composite somou 1,95% para 21.053,58 pontos. A subida deve-se, sobretudo, às valorizações registadas entre as “megacaps”, que sofreram o maior impacto na sessão passada.

De acordo com a Bloomberg, 82% das empresas do índice de referência dos EUA superaram as estimativas dos analistas até ao momento – o valor mais elevado em quatro anos. O Goldman Sachs escreve mesmo que os executivos das cotadas parecem confiantes na capacidade das suas empresas em mitigar os impactos causados pelas tarifas de Donald Trump nos negócios. Aliás, as empresas que compõem o “benchmark” dos EUA estão a caminho de registar um aumento de 9,1% nos lucros, muito acima da projeção dos analistas de 2,8%.

A questão que se coloca entre os analistas é se a subida ainda tem “pernas para andar”. Enquanto estrategas da BI indicam que “as orientações apontam para uma história mais cautelosa, com preocupações sobre tarifas e aumento de custos”, a UBS Global Wealth Management diz que as perspetivas positivas dos lucros trimestrais combinadas com um corte dos juros leva os analistas da casa de investimento a antecipar mais subidas para as ações dos EUA nos próximos 12 meses. 

O Morgan Stanley, o Deutsche Bank e o Evercore ISI alertaram, aliás, que o índice S&P 500 deverá sofrer uma queda no curto prazo nas próximas semanas/meses e alertaram os clientes para “se prepararem para uma retração”, à medida que as avaliações “altíssimas” das ações norte-americanas colidem com dados económicos desfavoráveis.

O foco continua também na frente comercial. O presidente dos EUA, Donald Trump, para território norte-americano devido às compras de petróleo russo por parte do país asiático, uma medida que Nova Deli criticou como “injustificada”. O mercado continua a acreditar que a média das tarifas aplicadas por Washington deva estabilizar em 15%. 

Entre os principais movimentos de mercado, a Tesla avançou mais de 2% depois de a empresa  a ser entregue a Elon Musk como parte de um plano de remuneração ao CEO a longo prazo.

O Spotify valorizou mais de 5% após terem anunciado que os preços mensais do seu serviço de streaming vão aumentar em alguns mercados. 

Já a Berkshire Hathaway, o conglomerado norte-americano que ganhou asas sob a liderança do célebre investidor Warren Buffett,desde que o guru do investimento anunciou, a 3 de maio, que iria abandonar a liderança da empresa no final deste ano, com os resultados a desiludirem o mercado.