
A informação de que a empresa de redes sociais se prepara para criar um comité de ação política do tipo “super PAC”, entidades capazes de aplicar centenas de milhões de dólares em campanhas políticas, foi avançada pelo `site` noticioso Politico e confirmada oficialmente à AFP.
O Politico situou a contribuição da Meta na casa das “dezenas de milhões de dólares” inicialmente.
Um porta-voz da Meta justificou à AFP que “o setor económico da Califórnia, que alberga muitas das principais empresas de IA do mundo, desempenha um papel desproporcional no crescimento americano, na criação de emprego e na competitividade global”.
“Contudo, as regulamentações que estão a ser consideradas em Sacramento”, capital da Califórnia, “podem sufocar a inovação, bloquear o progresso da IA e comprometer a liderança tecnológica da Califórnia”, argumentou.
Segundo a Meta, as leis adotadas pelos estados ameaçam abrandar o desenvolvimento da IA em plena corrida à inovação entre as empresas norte-americanas e as suas rivais chinesas.
A indústria tecnológica norte-americana, que está a investir centenas de milhares de milhões de dólares em infraestruturas de IA, tem vindo a envolver-se politicamente para contornar algumas regulamentações pensadas para o setor.
Em julho, procurou obter do Congresso uma proibição federal que impedisse os estados norte-americanos de adotar ou implementar leis de IA durante dez anos, mas não foi bem sucedida.
A Meta sublinhou que cerca de 50 novos projetos de lei relacionados com a IA estão atualmente em consideração na Califórnia.
“Muitos deles podem abrandar o progresso tecnológico”, afirmou a empresa liderada por Mark Zuckerberg, citada pela AFP.
Uma destas leis, que entrará em vigor a 01 de janeiro, exige que os programadores de IA generativa com uma grande base de utilizadores publiquem um resumo dos dados de formação, forneçam ferramentas gratuitas para detetar conteúdo gerado por IA e garantam a rotulagem clara desse conteúdo.
Um estudo da Universidade de Washington revelou este mês que as principais ferramentas de IA generativa são capazes de persuadir e mudar opiniões dos utilizadores a partir de uma curta interação.
De acordo com o documento, os principais `chatbots` de IA (assistente virtual que usa inteligência artificial e programação para comunicar por texto com os utilizadores), como o ChatGPT e o Grok desenvolveram capacidades de persuasão, sendo capazes de mudar opiniões políticas ou as crenças em teorias da conspiração em menos de 10 minutos de interação com o utilizador.
A eficácia aumenta quando as mensagens são personalizadas, levantando preocupações sobre a utilização da IA para manipulação política e comercial, até porque, em matéria política, o estudo revelou que, independentemente da filiação partidária, os participantes tendiam a adotar a inclinação do `chatbot` com que conversavam.
“Os participantes expostos a modelos tendenciosos partidários eram significativamente mais propensos a adotar opiniões e tomar decisões que correspondessem ao viés do LLM [modelos modernos de grande linguagem]”, referem os investigadores.
As pessoas que declararam ter um maior conhecimento sobre a tecnologia foram menos suscetíveis à mudança, sugerindo que a educação e literacia mediática podem ajudar a reduzir a influência destes sistemas.
Os modelos de IA revelaram ser também persuasivos na redução do ceticismo sobre saúde, mudanças climáticas e influenciar decisões de consumo.