Mosquitos preferem quem bebe cerveja, revela estudo em festival holandês

Um estudo insólito realizado no festival Lowlands, nos Países Baixos, concluiu que mosquitos sentem maior atração por quem consome cerveja e tem uma vida social mais ativa durante o evento. Já o protetor solar e até a preguiça de tomar banho de manhã parecem afastar os insetos.

Porque é que algumas pessoas são autênticos ímanes para mosquitos, enquanto outras passam incólumes? Essa foi a questão que um grupo de investigadores decidiu explorar num dos cenários mais improváveis: um festival de música com milhares de jovens, calor, suor e muita cerveja.

Entre 18 e 20 de agosto de 2023, cientistas instalaram um laboratório improvisado feito de contentores no festival Lowlands, nos Países Baixos, para conduzir a chamada “Mosquito Magnet Trial” – ou “Prova do Íman de Mosquitos”. No total, 465 festivaleiros participaram na experiência, respondendo a questionários sobre hábitos de higiene, alimentação e consumo de álcool, e oferecendo o braço para um teste curioso: deixar que mosquitos escolhessem entre pousar num alimentador de açúcar ou na pele dos voluntários.

Cerveja, companhia… e mais mosquitos

Os resultados foram claros: quem bebeu cerveja foi significativamente mais atrativo para os mosquitos do que os abstémios (com um aumento de 35% na probabilidade de atração). Mas não ficou por aqui. Os investigadores descobriram ainda que aqueles que partilharam a tenda na noite anterior também atraíram mais insetos, sugerindo que a vida social animada pode ter reflexos inesperados.

Protetor solar e preguiça ajudam a afastar

Por outro lado, comportamentos considerados pouco “glamorosos” no contexto do festival pareceram ser uma vantagem: não tomar banho de manhã ou aplicar protetor solar reduziu a atração dos mosquitos em quase metade. A equipa sugere que a camada de creme ou o odor corporal alterado possam funcionar como barreiras olfativas.

A ciência escondida no suor

Além dos comportamentos, os cientistas analisaram ainda as bactérias presentes na pele dos participantes. Descobriram que pessoas mais “apetecíveis” para os mosquitos tinham uma maior abundância de estreptococos e outras bactérias associadas a odores fortes.

Um estudo entre o rigor e a sátira

Apesar da metodologia cuidada – com gravações em vídeo e análises microbiológicas – os próprios autores admitem que o ambiente não era exatamente de “laboratório controlado”. O estudo atraiu sobretudo participantes com afinidade pela ciência e foi realizado em condições marcadas por suor, álcool e música alta.

Ainda assim, a investigação é considerada a maior do género alguma vez realizada em contexto de festival e deixa uma mensagem curiosa:

“Os mosquitos parecem ter um gosto especial pelos hedonistas – aqueles que bebem cerveja, evitam o protetor solar e não dormem sozinhos.”