
“No último jogo, perdemos dois pontos e hoje era muito importante ganhar. Na primeira parte, já vi coisas que gostei, uma equipa que quis muito, mas que estava muito pressionada, nervosa, a perder várias vezes a bola e a demorar a estabilizar, mas fizemos um golo.
São homens que jogam à bola e eu ao intervalo só precisei, sob o ponto de vista mental, de libertar os meninos, dizer-lhes que teríamos de acabar com o jogo, com uma mentalidade ganhadora e não poderíamos dar ao AVS a possibilidade de reentrar na partida e discutir o resultado. Os jogadores aceitaram bem essa abordagem ao jogo.
Na segunda parte, os níveis de qualidade e confiança foram muito altos, a equipa jogou verdadeiramente bem. Mesmo após o 2-0, disse-lhes que, se encontrássemos o adversário a passar por um momento de dificuldade, tínhamos de aproveitar, sem deixá-los recuperar, e foi isso o que fizemos.
Não pensei muito nisso [regresso ao Benfica 25 anos depois], eu disse que não vinha para cá celebrar carreira. Até antes de chegar ao estádio se sente o benfiquismo, no estádio ainda mais, mas confesso que no final do jogo – aí sim – pensei nos 25 anos que passaram a voar. Mas foram 25 anos que não mudaram a minha paixão, a forma de estar e de viver em absolutamente nada.
Com este pouco tempo, quis dar estabilidade, principalmente àqueles jogadores que vinham a jogar praticamente sempre. Havia coisas de que já gostava muito – o Benfica é uma equipa que analisei bem porque joguei contra eles -, outras quis tocar muito ao de leve.
Ontem [sexta-feira] trabalhámos uma hora e meia e agradeço aos jogadores o profissionalismo, a paixão pelo clube e também a maneira como me receberam, senti que eles aderiram àquilo que estivemos a trabalhar. Hoje, se tivéssemos perdido, era um desastre em termos de pontuação. Ganhando, não é fenomenal, mas era o melhor que poderíamos ter feito, depois de uma derrota psicologicamente pesada [frente ao Qarabag, para a Liga dos Campeões (3-2)].
Eu sempre pensei que regressaria a Portugal, mas achava que seria pela porta da seleção nacional. Chegou-me essa possibilidade, mas não consegui aceitar. Acho que seria sempre uma consequência natural da carreira, mas surgiu-me o Benfica, um clube gigante. E não o digo por cá estar.
A nossa casa principal de família é em Londres. Não vim por ter a minha casa em Azeitão a 20 minutos do Seixal. Vim porque o Benfica é um grande clube. Já estive em clubes gigantes, no Real Madrid, no Inter Milão, no Manchester United, em Roma, não só em títulos, mas também do ponto de vista social. A minha cabeça é profissional, voltar a Portugal não muda nada. Vim para trabalhar, sentir essa responsabilidade e exigência.
[Ser alvo de críticas por ‘setores’ do rival FC Porto] Se interpretarem mal o que eu disse. Eu disse que o Benfica é um dos maiores clubes do mundo, não disse que o FC Porto não o é. É também um dos maiores, um gigante. Se me perguntarem, não sendo treinador do Benfica, se tenho um carinho especial pelo FC Porto, claro que sim. Eu não vim para o Benfica para chatear o FC Porto.
Depois de vir para o Benfica, falei com o presidente André Villas-Boas e o presidente do Sporting, Frederico Varandas. Se somos amigos, temos uma boa relação e nos respeitamos… Vir para o Benfica não significa que queira guerra.
Agora, obviamente não espero ser ovacionado no Dragão. Não fui quando vim pelo Chelsea, agora muito menos. Mas é parte da vida. O FC Porto é parte importantíssima da minha história e eu sou parte importantíssima da história do FC Porto”.