A inteligência artificial (IA) é aclamada por muitos como a mais significativa revolução tecnológica da nossa era. Contudo, o entusiasmo dos visionários da tecnologia parece não encontrar eco na perceção do público em geral, que encara o futuro com maior apreensão.
O receio de perder o emprego domina as preocupações
Apesar de figuras proeminentes como Sam Altman, Elon Musk ou Bill Gates destacarem o potencial transformador da IA, prometendo um futuro onde o trabalho poderá ser opcional e a humanidade alcançará novos patamares, o sentimento geral da população parece divergir consideravelmente desta visão utópica.
Se os líderes da indústria tecnológica estão tão convictos dos benefícios da IA, por que motivo existe uma desconfiança tão generalizada? A resposta parece ir além da ficção científica e de filmes como “O Exterminador Implacável” ou “Matrix”.
Um estudo recente, divulgado pela Reuters, lança luz sobre as preocupações concretas que alimentam este ceticismo. A investigação revela que, para o cidadão comum, a IA gera mais incerteza e receio do que otimismo.
De acordo com o inquérito realizado a 4446 adultos norte-americanos, a perspetiva não é animadora. A principal inquietação está relacionada com o mercado de trabalho. Cerca de 71% dos inquiridos manifestaram uma forte preocupação com a possibilidade de a IA provocar desemprego em massa e de forma permanente.
Este sentimento alinha-se com as previsões de vários analistas, que alertam para uma década de profundas transformações e desafios no panorama laboral.
A desinformação e a manipulação com IA são ameaças reais
Os receios não se limitam à esfera profissional. Uma percentagem ainda maior, 77% dos participantes no estudo, admitiu estar preocupada com as implicações políticas da IA. O foco desta apreensão reside na capacidade da tecnologia para gerar deepfakes com um realismo impressionante, que podem ser utilizados para manipular a opinião pública e influenciar resultados eleitorais.
Embora com uma percentagem ligeiramente inferior, o impacto ambiental da IA é outra fonte de inquietação. Cerca de 61% dos inquiridos expressaram preocupação com o consumo energético massivo que esta tecnologia exige.
A necessidade de alimentar centros de dados cada vez mais potentes para treinar e operar modelos de IA tem levado gigantes como a Google a procurar parcerias com centrais elétricas para otimizar a eficiência e mitigar o impacto ambiental.
Perante estes dados, a perceção geral parece ser mais de intranquilidade do que de entusiasmo. Será apenas o medo natural do desconhecido ou existem motivos fundados para esta desconfiança? Embora o estudo se concentre na população norte-americana, é muito provável que este sentimento de incerteza seja partilhado globalmente.
Leia também: