
Líder da EDP defende mais investimentos em redes elétricas para apoiar vaga de energias renováveis que sustentam novos projetos industriais focados na transição energética.
O presidente-executivo do grupo EDP defendeu hoje que Portugal tem de criar condições para atrair grandes projetos industriais de transição energética.
“O investimento nas redes é absolutamente essencial. Não há transição energética sem investimento em redes”, começou por dizer Miguel Stilwell d’Andrade esta terça-feira.
“Portugal e Espanha passaram por uma fase de eletrificação nos anos 70 e 80, grande parte desse investimento tem uma vida útil de cerca de 40 anos. Há a necessidade, por um lado, de fazer uma substituição grande de equipamentos, já começam a chegar ao final da vida útil. É é preciso fazer também um investimento em modernização, investimento em digitalização, há uma vaga de investimento que é necessário fazer na Europa”, acrescentou.
Segundo o gestor, “Portugal faz parte também dessa evolução. É necessário investir mais em redes e isso vai viabilizar mais ligações de clientes, mais industrialização, mais ligação também dos renováveis e também modernização, maior qualidade de serviço das redes”.
“Vamos iniciar um novo período regulatório agora em 2026. Aqui em Portugal e em Espanha. O capital não tem fronteiras. É preciso conseguir criar as condições para atrair esse capita para conseguir investir nas redes. O nosso ADN é português e, portanto, é onde nós achamos que é necessário investir”, defendeu em declarações aos jornalistas durante uma visita à central termoelétrica do Ribatejo.
Sobre o licenciamento de projetos renováveis, destacou que a “Europa é reconhecida por ter processos de licenciamento morosos, com bastante burocracia. Acredito que em Portugal já foram dados passos importantes. Portugal não é de todo o pior aluno da Europa, mas acho que é sempre possível fazer mais”.
“Pela primeira vez em muitos anos, há um aumento de procura de eletricidade, que é uma coisa boa. Quer dizer que há mais investimento em indústria, mais datacenters, tudo isso está a criar mais procura, mas para isso é preciso também ter oferta de energias renováveis. É preciso agilizar todos esses processos para que se consiga crescer”, defendeu.
“Quando olhamos para outras geografias, seja Estados Unidos, seja para a Ásia, vemos governos a serem bastante assertivos uma simplificação na agilização destes processos de licenciamento”, rematou.
Rede elétrica com menos burocracia em Sines, Lisboa, Abrantes e Estarreja
Sines, Abrantes, Estarreja e Lisboa vão ter processos mais simples para os projetos conseguirem ligar-se à rede elétrica, revelou hoje a ministra do Ambiente e da Energia.
O Governo já está a trabalhar neste ponto com o objetivo de acelerar os projetos de transição energética. “Temos neste momento pronto para ir a Conselho de Ministros, uma legislação que torna mais simples a criação de zonas de grande procura [ZGP] e que torna mais simples a atribuição da ligação à rede”, disse hoje Maria da Graça Carvalho.
“Mas queremos fazer mais (…), zona de Lisboa, zona de Abrantes, zona de Estarreja. São zonas de grande procura de ligação à rede. Para não ser necessário ter projetos de estudos de impacto ambiental individuais” é realizado um “estudo de impacto ambiental estratégico que define grandes zonas e depois para estas grandes zonas é preciso somente uma “autorização administrativa para o projeto se instalar lá”.
A ministra reconheceu que é preciso construir mais rede elétrica. “A nossa limitação é, por um lado, a existência de rede elétrica, mas os procedimentos de atribuição ou de retribuição muitas vezes não são muito claros na legislação. Temos uma legislação que vem clarificar isso para ser muito mais rápido a atribuição da ligação à rede”.
Por outro lado, anunciou que o executivo está “também a trabalhar na simplificação dos processos ambientais, das licenças ambientais com a APA, com o ICNF, de modo a termos um processo mais rápido, porque temos muitos investidores que querem investir em Portugal”, anunciou.
Maria da Graça Carvalho também adiantou que a tutela está a trabalhar na “fase final da transposição” da diretiva RED III, que prevê licenciamentos renováveis mais simples e as zonas de aceleração das energias renováveis.
Primeira molécula de hidrogénio da EDP na Europa
As declarações do presidente da EDP tiveram lugar no evento que marcou a produção da primeira molécula de hidrogénio pela EDP na Europa. O evento teve lugar na central termoelétrica do Ribatejo, no Carregado, distrito de Lisboa. O projeto tem o nome de FLEXnCONFU, contando com um eletrolisador de 1,25 MW PEM da Cummins.
O primeiro projeto de hidrogénio da companhia na central de Pecém, no Brasil, que entrou em operação em dezembro de 2022, um eletrolisador de 1,25 MW PEM da Plug Power, com uma central solar de 3 MW
A companhia adianta que estão em desenvolvimento 500 MW de projetos em desenvolvimento com apoios europeus e nacionais, com mais de mil milhões de euros de investimento total necessário, excluindo as renováveis. Os projetos mais avançados na Ibéria contam com uma potência de 100-150 MW.