“O Clio nunca será elétrico”, afirma CEO da Renault

O CEO da Renault, Fabrice Cambolive, pôs um ponto final na especulação: o icónico Clio não terá uma versão 100% elétrica. A estratégia da marca francesa passa por uma clara diferenciação de modelos para responder às várias necessidades do mercado.


Renault com estratégia de complementaridade no segmento B

A Renault apresentou recentemente a mais recente iteração do seu popular utilitário, o Clio. Numa antecipação ao seu lançamento público no IAA Mobility de Munique, a marca revelou os pormenores de um dos seus modelos mais importantes.

A gama de motorizações é um reflexo claro da sua estratégia de transição, contando com um motor a combustão, uma versão a gás e, como grande destaque, uma motorização híbrida de 160 CV com consumos bastante reduzidos.

A decisão de não eletrificar o Clio gerou reações diversas. Enquanto alguns condutores, mais céticos em relação à mobilidade elétrica, aplaudem a continuidade de um modelo a combustão eficiente e versátil, outros lamentam a ausência de uma variante puramente elétrica.

Fabrice Cambolive, o CEO da marca Renault, clarificou a posição da empresa em declarações ao L’Automobile.

O Renault Clio não é um modelo elétrico nem nunca o será. É um modelo híbrido que responde a outras necessidades, entre elas o custo.

Afirmou o executivo.

Cambolive explicou que o espaço do elétrico no segmento B será ocupado pelo muito aguardado Renault R5. A marca pretende criar um portefólio complementar, onde cada modelo tem o seu papel. Nesta equação, o Captur e o futuro Renault R4 servirão como opções para quem procura um SUV.

São quatro carros do segmento B que decidimos posicionar de forma complementar (…) têm posicionamentos, designs, utilidades e uma mistura de clientes completamente diferentes.

Concluiu.

Os custos de desenvolvimento de um Clio elétrico…

A explicação para esta decisão não é apenas comercial, mas também técnica. O Renault Clio foi desenvolvido sobre a plataforma CMF-B, uma arquitetura otimizada para motores de combustão e sistemas de hibridação. Em contrapartida, o Renault 5 assenta numa base concebida de raiz para veículos elétricos.

Tentar converter o Clio para um modelo elétrico seria tecnicamente complexo, dispendioso e, muito provavelmente, resultaria num produto final de qualidade inferior.

A história da indústria automóvel recente tem demonstrado que os veículos elétricos construídos sobre plataformas de combustão adaptadas tendem a ter autonomias mais limitadas e potências de carregamento inferiores quando comparados com os que são desenvolvidos em plataformas dedicadas. Manter o Clio na sua plataforma atual permite à Renault obter uma significativa poupança de custos.

Apesar da sua popularidade, o futuro a longo prazo do Clio pode estar em causa. Fabrice Cambolive antecipa que, para se manter relevante, o modelo poderá, eventualmente, evoluir para uma plataforma com hibridação plug-in ou ser descontinuado.

As regulamentações de emissões tornam-se cada vez mais rigorosas. Se em 2027 o limite médio de emissões para os fabricantes será de 93,6 gr/km de CO2, em 2030 este valor deverá ser reduzido para metade. Esta pressão regulamentar força as marcas a acelerar a transição, tornando os veículos puramente elétricos ou altamente eletrificados na maioria das suas vendas.

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