O projeto Starlink Direct to Cell promete levar internet móvel diretamente aos telemóveis, mas para isso precisa de utilizar frequências terrestres. As operadoras, contudo, lembraram que são proprietárias desse espectro e que qualquer utilização terá de ser negociada, posição já reforçada pela GSMA.
Starlink Direct to Cell precisa de frequências terrestres
Em janeiro soubemos que a Starlink ativou a ligação celular direta para telemóveis, independentemente de terem ou não ligação satelital.
Para que o sistema, chamado Starlink Direct to Cell, ofereça internet móvel a qualquer telemóvel, tem de o fazer através das frequências que estão em uso pelos operadores móveis. Aqui começa a questão delicada.
Frequências já pertencem aos operadores
Para que um satélite de uma empresa como a Starlink ou o Project Kuiper da Amazon ofereça conectividade móvel, precisa de utilizar as frequências que já se usam para as redes móveis clássicas. O problema é que estas bandas estão licenciadas às operadoras, como a NOS, Vodafone, MEO, entre outras.
A GSMA, associação de operadores móveis, publicou um comunicado com diretrizes para a convivência entre operadores terrestres e operadores satelitais. O documento estabelece que a Starlink e outras empresas deverão negociar diretamente com os operadores, que são os donos do espectro terrestre.
Com este comunicado, a GSMA não pretende travar a chegada de serviços de conectividade móvel por satélite, mas sim marcar território e defender os direitos que os operadores terrestres conquistaram a elevado custo.
Para contextualizar, em 2021 foi leiloada a banda dos 700 MHz e os operadores portugueses pagaram cerca de 100 milhões de euros pelo acesso. Faz sentido, portanto, que sejam eles a negociar quem pode usar o seu espectro.
A Starlink já fechou acordos semelhantes com operadores de países como os Estados Unidos, Austrália, Canadá e Suíça, pelo que este processo não lhe é estranho.
A rede de satélites em órbita baixa
Para fornecer internet a qualquer telemóvel, a Starlink utiliza uma rede de satélites que operam em órbita LEO (Low Earth Orbit). Estes satélites voam a cerca de 360 quilómetros de altitude, facilitando a conectividade. Segundo a própria Starlink, já contam com mais de 600 satélites na rede Direct to Cell, que se juntam aos mais de 8.000 satélites em órbita.
Para expandir o serviço a mais países, terão de alcançar novos acordos e pagar pelo uso das frequências.