Paragrafino Pescada começa na mangueira curta e acaba na palhaçada

Certamente conhece este diálogo, atribuído a alentejanos: que, como se sabe, têm uma enorme paciência para aturar maledicência.

– Então parente, casaste com a moça por amor ou por interesse?

– Por amor, porque interesse ela não tem nenhum.

Dei por mim a convocar esta mensagem de alto coturno semiológico após ter lido que o bombeiro Dudu (famoso por ser herdeiro de Marco Paulo) foi expulso do “Big Brother Verão” e, ainda assim, devido à sua condição, recebeu 40 mil euros, um valor superior ao prémio final do “reality show”. Dudu, sem se rir, assegura que não entrou no “Big Brother” “pelo dinheiro”, mas sim “pela experiência”.

Então Dudu, participaste no “Big Brother” por amor ou por interesse?

– Por amor, porque interesse o programa não tem nenhum.

No meu entendimento, Dudu perdeu uma grande oportunidade de dizer que forçou a expulsão do “Big Brother” para poder intervir no combate aos incêndios que afligem o país, mas o bombeiro demonstrou que tem uma mangueira de raciocínio demasiado curta e, como tal, incapaz de aspergir criatividade.

Agosto ainda vai no começo, mas o Portugal cor-de-rosa já começa a ganhar vermelhidão, a cor típica das pessoas quem se expõem demasiado ao sol na ânsia de ficarem bronzeadas.

Tenho razões de sobra para produzir esta observação. Por exemplo, o escaldante amor entre Lando Norris e Margarida Corceiro, a tórrida paixão de João Félix por Joaninha Reis, a qual lhe foi apresentada por uma ex-namorada, precisamente Margarida Corceiro, o pedido de casamento de João Moura Caetano a Luísa Abreu depois de ter toureado a irmã desta, a dileta Lucy, e as férias de Catarina Furtado na Grécia com os filhos após ter revelado que tem um novo amor, embora omitindo a sua identidade. Tecnicamente, chama-se a isto fazer render o peixe.

Espero ardentemente que a jovem parturiente seja multada por atentado ao pudor, servindo assim de exemplo para que mais casos como estes não voltem a acontecer no nosso lindo Portugal.

Sabemos que Portugal está seguro quando o intrépido PM, Luís Montenegro, mergulha nas águas do Algarve, afastando deste cantinho à beira-mar plantado os migrantes que, partindo de Marrocos, procuram alcançar esta pontinha da Europa. Os mergulhos determinados de Montenegro provocam ondas de medo junto dos candidatos a migrantes e o país pode deste modo repousar em sossego e dispensar os serviços do Super-Ventura, que assim tem mais tempo para planear a “grande concentração nacional” a favor da Lei dos Estrangeiros, a realizar em Lisboa, ao bom estilo da concentração de “motards” em Faro e à qual não faltará o típico concurso da miss t-shirt molhada e uma enorme vaia aos aviões marroquinos que vieram ajudar a combater os incêndios.

A grande concentração equipara-se à prestação do ex-presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, também no “Big Brother”. Bruno vestiu-se de matrafona glamorosa, pelo caminho deu um pontapé num outro concorrente, foi expulso do programa e reagiu à decisão com o seguinte desabafo: “Chega de palhaçadas desta produção, chega de palhaçadas disto tudo”.

Ventura considera que uma manifestação vale mais do que a Constituição e que os juízes se devem subordinar à sua vontade porque ele é que sabe o que é bom para o país e os outros que não pensam como ele são uns tipos que merecem ser insultados ou alvo de “bullying”, porque a culpa disto é dos “woke”, do Lula, da Ursula, do Macron, do Marcelo e daquele indostânico que vende bolas de Berlim na praia do Meco e o mundo estaria muito melhor se houvesse mais gente no poder como o Milei, o Trump ou o Duterte e o supracitado indostânico estivesse a vender bolas de Berlim em Goa.

Aliás, acho que os fomentadores da grande concentração nacional devem aplaudir a decisão da ministra da Saúde, Ana Paula Martins, a qual resolveu pedir a abertura de um inquérito ao caso ocorrido no Carregado de uma jovem que deu à luz na rua com a ajuda dos pais, em vez de ter ido de carro até ao hospital como lhe foi sugerido pela Linha SNS 24. Onde já se viu isto, uma mulher desrespeitar ordens e pôr-se naqueles preparos, diante de uma catrefada de gente, a exibir o culminar da sua maternidade. Espero ardentemente que a jovem seja multada por atentado ao pudor, servindo assim de exemplo para que mais casos como estes não voltem a acontecer no nosso lindo Portugal. Aliás, os cuidados médicos devem ser prestados preferencialmente pelo telefone, para não entupir os hospitais nem maçar a ministra da Saúde com problemas relacionados com a falta de profissionais.

Tenha as férias que quiser, mas de preferência que sejam ótimas.