O fabricante sueco de veículos elétricos Polestar registou um agravamento expressivo das perdas no segundo trimestre, penalizado pelas tarifas comerciais e pela crescente pressão sobre os preços. A desvalorização do modelo Polestar 3 resultou numa imparidade significativa, que fez as ações da marca, cotadas nos Estados Unidos, recuarem 11%.
Prejuízo elevado no segundo trimestre
A Polestar reportou um prejuízo líquido de 1,03 mil milhões de dólares no trimestre terminado a 30 de junho, comparado com 268 milhões no mesmo período do ano passado. O valor recuperável do Polestar 3 foi reduzido para 25 milhões de dólares, originando uma imparidade de 739 milhões.
A Volvo Cars, que produz o Polestar 3 na sua fábrica da Carolina do Sul, também registou imparidades semelhantes no segundo trimestre, relacionadas com os modelos ES90 e EX90, devido às tarifas e a atrasos nos lançamentos.
Estratégia cautelosa nos EUA
Não iremos crescer nos EUA a qualquer custo, porque a exposição financeira é demasiado elevada.
Afirmou a Polestar numa conferência após os resultados, conforme citou a Reuters.

A empresa tem perdido valor de mercado desde a sua separação da Volvo e entrada no Nasdaq em 2022, tendo o atual CEO, Michael Lohscheller, assumido funções no ano passado com um plano de reestruturação.
No primeiro semestre do ano, 77% das vendas da empresa vieram da Europa, enquanto apenas 8% tiveram origem nos EUA.
Tal como muitas startups de veículos elétricos, a Polestar tem consumido grandes quantidades de capital na tentativa de ganhar escala, enfrentando desafios de liquidez e elevados níveis de dívida.
O objetivo inicial de atingir o ponto de equilíbrio em 2025 foi adiado para 2027 e, entretanto, suspenso devido à incerteza gerada pelas tarifas.
Apesar do risco de incumprimento de alguns compromissos de dívida, a empresa conseguiu renegociar termos com credores e anunciou ter entregue 177 automóveis como colateral num acordo de financiamento.

A empresa, controlada pelo grupo chinês Geely através do multimilionário Li Shufu, recebeu em junho uma injeção de capital de 200 milhões de dólares, mas continua à procura de novos financiamentos em dívida e capital.
Mercado de startups em contraste
Enquanto várias startups, como Fisker, Lordstown e Arrival, fecharam portas após esgotarem os fundos, outras continuam ativas graças a fortes investidores.
A VinFast, por exemplo, procura atingir o equilíbrio em 2026, apoiada pelo seu fundador, enquanto a Lucid já recebeu cerca de 8 mil milhões de dólares do Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita.
Nos EUA, a Rivian beneficiou de um investimento de 5,8 mil milhões de dólares da Volkswagen, considerado vital para a sua sobrevivência.
Em junho, a Polestar garantiu um investimento de 200 milhões de dólares em capital próprio, assegurado por Li Shufu, proprietário da Geely, através da PSD Investment.