“Foi realmente uma honra, gostei muito. Tive a oportunidade de falar com ele e parece-me uma pessoa muito humilde”. O relato é de Miguel Barbosa, 31 anos, um dos funcionários que serviram o chefe de Estado português. A ida de Marcelo Rebelo de Sousa àquele estabelecimento para almoçar, a propósito de uma visita oficial à Alemanha, serviu de pretexto para uma conversa com a Antena 1 sobre o porquê de ter emigrado, o que o faz ficar e se algum dia deseja regressar.
Miguel Barbosa chegou à capital alemã há apenas dois anos. Uma mudança “recente”, que “tem corrido bem” e que foi motivada por uma vida melhor: “Sobretudo pela economia… Vim em busca de algo melhor“,admite. “Não estou arrependido, estou muito satisfeito”.
No restaurante “A Telha”, a ementa escreve-se em português, com tradução em alemão, e os pratos servidos vão desde dourada na grelha, pastéis de bacalhau a gambas em alho. “Tanto os portugueses como os alemães gostam muito daquilo que fazemos porque a nossa gastronomia, é mais do que sabido, é muito boa”, sublinha Miguel Barbosa. Os favoritos dos alemães passam pelas tapas, grelhadas mistas e sobretudo o bacalhau: “É o nosso best seller”.
O autógrafo deixado pelo PR no livro de reservas do restaurante
A barreira linguística foi o principal obstáculo para este português emigrado na Alemanha que já se sente perfeitamente integrado na comunidade. Mas quando o tema é sobre regressar a Portugal, a conversa é outra: “Nós pensamos sempre em voltar. Mas só quando tentamos de facto e verificamos as condições que nos são oferecidas… aí pensamos duas vezes e muita gente até prefere ficar por conta disso mesmo”. Para Miguel Barbosa, o país que o viu nascer tem falta de oportunidades.
“Em Portugal, são cobrados sempre muitos impostos, os salários são baixos. E aqui consigo ter uma vida melhor”, aponta, admitindo que um dia pode regressar a Portugal. “Até lá, enquanto estiver bem aqui, não penso em mudar”.
Miguel Barbosa, que esteve com o Presidente da República na Alemanha, pede que sejam criadas mais oportunidades em Portugal, sobretudo para os mais jovens. “Que incentivem as pessoas, que dêem mais oportunidades. E em primeiro lugar aos portugueses e depois, se calhar, dar aos estrangeiros. Devemos começar assim, apoiar primeiro as pessoas que são de lá e depois, obviamente, dar a oportunidade a outras que queiram estar lá. Porque o nosso país é fabuloso”, conclui.
E Portugal é actualmente um país para jovens? “De momento não. Por isso é que temos verificado uma emigração tão elevada”.
De acordo com dados do Instituto Federal de Estatísticas da Alemanha, citado pela Embaixada de Portugal em Berlim, em Dezembro de 2020 registavam-se mais de 138 mil cidadãos portugueses a viverem na Alemanha. Já o Observatório da Emigração, em Portugal, estima que 30% dos jovens nascidos em Portugal vivem actualmente fora do país.
Inês Ameixa, enviada da Antena 1 a Berlim