Reunião de urgência do Conselho de Segurança da ONU sobre Gaza remarcada para domingo

A missão do Panamá afirmou na noite de sexta-feira que a mudança do dia e hora da reunião, inicialmente marcada para hoje, foi feita após “consultas adicionais e considerações cuidadosas”, sem dar mais detalhes.

A agência AP nota que sábado é o dia santo (Shabat) judaico e que Israel certamente pretenderá discursar na reunião.

O pedido da reunião foi apresentado por vários dos 15 países que compõem o Conselho de Segurança, em seu nome e da Palestina, segundo o representante da Autoridade Palestiniana nas Nações Unidas, Riyad Mansour, quando questionado pelos jornalistas.

A decisão do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, de ordenar ao Exército que assuma o controlo da Cidade de Gaza, no norte do território, e deslocar centenas de milhares dos seus habitantes está a provocar uma vaga protestos e indignação em todo o mundo.

A decisão foi anunciada na madrugada de hoje após uma reunião do Gabinete de Segurança que demorou 10 horas, mas o Governo não revelou muitos pormenores sobre o plano.

Antes da reunião, o líder israelita disse à emissora norte-americana Fox News que o objetivo era ocupar toda a Faixa de Gaza, mas que não tencionava mantê-la ou governá-la, apenas garantir um “perímetro de segurança” antes de entregar o território ao que designou “forças árabes”, que o governarão “sem ameaçar Israel”.

Segundo a imprensa israelita, a operação começará pela Cidade de Gaza, cujos habitantes serão deslocados para o sul até 07 de outubro, o segundo aniversário dos ataques do grupo islamita Hamas em Israel, que desencadearam a atual guerra.

Além da derrota e desarmamento do Hamas, da desmilitarização da Faixa de Gaza e do controlo israelita da segurança, Israel reafirmou o princípio do regresso dos reféns ainda em poder do grupo palestiniano, 20 dos quais vivos e 30 mortos, para o fim da ofensiva.

Um dos princípios essenciais para o fim da ofensiva aprovados pelo Governo de Netanyahu é “o estabelecimento de uma administração civil alternativa que não seja nem o Hamas nem a Autoridade Palestiniana”, que governa parte da Cisjordânia.

O Gabinete de Segurança tomou a decisão contra a opinião do comandante das forças armadas, Eyal Zamir, que, segundo vários meios de comunicação israelitas, apresentou um plano alternativo à ocupação de Gaza, que consistia em cercar as cidades e os campos de refugiados e fazer incursões pontuais.

Zamir defendeu que entrar por terra em zonas onde houvesse reféns poderia pô-los em perigo, como já aconteceu no passado.

No seguimento da reunião, o chefe do Estado-maior israelita já discutiu hoje com os seus comandos militares os planos a próxima fase da ofensiva terrestre na Faixa de Gaza, incluindo a tomada da cidade de Gaza e a deslocação da população local.

Zamir referiu que os esforços serão intensificados nos próximos dias, de forma a “criar as condições necessárias para o regresso dos reféns e a derrota do regime do Hamas”, objetivos que têm sido assumidos por Telavive desde os ataques de 07 de outubro de 2023.

Em reação às medidas aprovadas na última madrugada, o secretário-geral da ONU, António Guterres, considerou-as uma “escalada perigosa” por Israel cria “o risco de agravar consequências já catastróficas para milhões de palestinianos”.

A decisão israelita pode conduzir a “mais deslocações forçadas, assassínios e destruição em massa, exacerbando o sofrimento inimaginável da população palestiniana em Gaza”, alertou ainda Guterres, através de um porta-voz.

Israel impôs um bloqueio ao território e impediu as organizações internacionais de distribuírem ajuda à população, que tem sido feita exclusivamente desde maio pela Fundação Humanitária de Gaza, criada com apoio das autoridades de Telavive e Washington.

O conflito na Faixa de Gaza foi desencadeado pelos ataques liderados pelo Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, onde perto de 1.200 pessoas morreram e cerca de 250 foram feitas reféns.

Em retaliação, Israel lançou uma vasta operação militar no território, que já provocou mais de 61 mil mortos, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas, a destruição de quase todas as infraestruturas do enclave e a deslocação de centenas de milhares de pessoas.