RSF condena expulsão da comunicação social portuguesa da Guiné-Bissau

As delegações da agência Lusa, da RTP e da RDP foram expulsas da Guiné-Bissau, as suas emissões suspensas nesse mesmo dia e os representantes tinham indicação para deixar o país até terça-feira, por decisão do Governo guineense, não tendo sido avançadas razões.

“Este é um rude golpe para o pluralismo da informação na Guiné-Bissau”, destacou a RSF num comunicado citado pela agência France-Presse (AFP), onde refere que a decisão surge “três meses antes das eleições presidenciais”.

A RSF apelou às autoridades do país africano para que “levantem imediatamente esta suspensão” e permitam que os jornalistas “continuem o seu trabalho no país”.

A decisão “envia um sinal preocupante a todos os profissionais dos `media`, o que pode levar à autocensura e prejudicar a qualidade editorial da cobertura eleitoral”, destacou Sadibou Marong, diretor do gabinete da RSF na África Subsariana, citado no comunicado.

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, manteve na segunda-feira um encontro com o homólogo da Guiné-Bissau, Carlos Pinto Pereira, expressando a expectativa de que a situação “possa ser ultrapassada”.

“Este encontro, organizado no sentido de envidarmos todos os esforços para se retomar a plena normalidade das relações bilaterais, decorreu de forma claramente construtiva, deixando a expectativa positiva de que a presente situação possa ser ultrapassada”, referiu numa breve nota após o encontro, em Lisboa.

Na nota é feita referência ao comunicado de 15 de agosto, em que o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) repudiou a expulsão da agência Lusa, RTP e RDP da Guiné-Bissau, que classificou de “altamente censurável e injustificável”, e disse que ia pedir explicações ao Governo guineense.

No comunicado de 15 de agosto, o executivo português afirmava que, “ciente da importância do trabalho destes órgãos de comunicação social para as populações de ambos os países e para a comunidade lusófona em geral, tudo fará para reverter tal decisão”.

O Governo, acrescentava, está a acompanhar “a situação com as administrações da Lusa, RTP e RDP”.

As direções de informação da Lusa, RTP e RDP reagiram, em conjunto, à decisão do Governo guineense, que descrevem como “um ataque deliberado à liberdade de expressão”.