Face ao oportunismo de muitos, que se aproveitam de debilidade de outros, têm sido muita as ofertas de emprego que surgem pela via digital. A ESET, maior empresa europeia de cibersegurança, explica como se podem proteger de falsos empregos, que são apenas esquemas para roubar dinheiro.
Em 2024, as burlas de emprego renderam mais de 264 milhões de dólares
Só em 2024, as burlas de emprego comunicadas ao FBI renderam aos burlões mais de 264 milhões de dólares. Muitos destes são os chamados “esquemas de tarefas”, em que as vítimas são efetivamente enganadas a pagar um depósito para serem pagas.
Pode parecer inacreditável, mas é mais fácil cair nesta armadilha do que se pensa. E não é só nos Estados Unidos que este tipo de esquemas é comum: em Portugal, o Ministério Público publicou recentemente um alerta sobre estas burlas.
Na maior parte dos casos, os agentes criminosos simulam estar a proceder à contratação de trabalhadores, mas, na verdade, têm como único propósito enganar os candidatos. Anteriormente neste tipo de campanhas, os agentes criminosos atraíam as vítimas através de anúncios em redes sociais, mas recentemente têm vindo a estabelecer contactos telefónicos diretos, conduzindo as vítimas a aderir a grupos de conversação no WhatsApp ou Telegram.
Nestes grupos, são oferecidos trabalhos às vítimas, mas sem nunca serem celebrados quaisquer contratos nem definidas funções concretas. Em vez disso, os agentes criminosos propõem a realização de pequenas tarefas supostamente remuneradas, quase sempre por mensagens de WhatsApp ou Telegram. Estas tarefas podem incluir, por exemplo, avaliar estabelecimentos hoteleiros, ou interagir com páginas em redes sociais.
Em muitos casos, as vítimas são realmente pagas por estas tarefas. O esquema baseia-se em levar as vítimas a passarem a um “nível superior” de tarefas, que requerem pagamento adiantado. A partir deste ponto, os pagamentos não são efetivamente entregues às vítimas: entram numa “conta-corrente” que nunca é possível levantar. A ideia é ir pedindo adiantamentos cada vez maiores às vítimas com a promessa de os devolverem com altas comissões.
No entanto, o dinheiro nunca é devolvido às vítimas, e quando estas finalmente se apercebem que o esquema é fraudulento, os agentes criminosos simplesmente deixam de ficar contactáveis por WhatsApp ou Telegram e desaparecem.
A ESET partilha algumas dicas para evitar cair neste tipo de esquema:
- Nunca responda a ofertas de emprego não solicitadas. Os recrutadores legítimos contactá-lo-ão através dos canais adequados;
- Se for contactado depois de publicar um CV num site de emprego, investigue a empresa/agente e procure quaisquer menções online que possam estar relacionadas com burlas;
- Lembre-se de que se uma oferta de emprego for demasiado boa para ser verdade, provavelmente é;
- Se não houver um processo de entrevista formal, isso também deve levantar algumas suspeitas;
- Nunca pague qualquer quantia adiantada por um potencial emprego. Os recrutadores legítimos nunca lhe pedirão para o fazer;
- Nunca partilhe informações pessoais ou financeiras sensíveis com “recrutadores” que o contactem através de canais não oficiais. Poderão querer vendê-las a burlões ou utilizá-las eles próprios para fraudes de identidade.
Cair num esquema de tarefas pode parecer improvável, mas a verdade é que estes golpes normalmente se desenrolam longo de vários dias, e o elemento de gamificação pode ser realmente apelativo. Não é raro que algumas vítimas acabem por perder uma fortuna. Certifique-se de que não é uma delas.