Satélites revelam marcas devastadoras dos incêndios em Portugal e Espanha

Os incêndios que continuam a devastar Portugal e Espanha ganharam destaque internacional esta quarta-feira, ao serem escolhidos como “imagem do dia” tanto pelo programa europeu Copérnico como pela NASA.


Satélite mostra imagens insanas dos incêndios de Portugal e Espanha

A fotografia divulgada pelo satélite Copernicus Sentinel-2, captada a 16 de agosto, mostra densas nuvens de fumo a cobrir Ourense, na Galiza, e várias zonas do norte de Portugal. Vistas do espaço, as cicatrizes deixadas pelo fogo na metade norte da Península Ibérica são impressionantes, assim como o imenso “manto” de fumo que paira sobre a região.

Segundo o comunicado do Copérnico, os incêndios de grande dimensão têm obrigado milhares de pessoas a abandonar as suas casas, sobretudo no noroeste e oeste de Espanha.

Para apoiar as autoridades nacionais, o Serviço de Gestão de Emergências Copérnico (CEMS) foi ativado e encontra-se a produzir cartografia de emergência.

“Cobertor de fumo” captado pela NASA

Também a NASA destacou a tragédia ibérica como “imagem do dia”. O registo, obtido pelo satélite Terra a 15 de agosto, mostra um verdadeiro “cobertor de fumo” a cobrir a Península.

De acordo com os cientistas da agência, a combinação de calor extremo e seca prolongada criou condições ideais para a propagação das chamas.

A NASA assinala que, até 19 de agosto, os incêndios já tinham devastado mais de 382 mil hectares em Espanha, o valor mais alto desde que há registos (2006). Em Portugal, as áreas queimadas ultrapassaram os 347 mil hectares, números que só encontram paralelo com os trágicos incêndios de 2017.

O maior foco ativo, em Trancoso, destruiu sozinho mais de 39 mil hectares.

Emissões em níveis históricos

Os dados recentes do Copérnico revelam ainda que a primeira quinzena de agosto trouxe um “aumento excecional” das emissões de CO₂ provocadas pelos incêndios na Península. Espanha já bateu o seu recorde anual desde 2003, enquanto em Portugal os valores, apesar de não atingirem máximos absolutos, duplicaram a média registada entre 2003 e 2024.

De acordo com o Sistema Europeu de Informação de Fogos Florestais (EFFIS), Portugal é o país da União Europeia com maior percentagem do território ardido.

Em média, entre 2006 e 2024, as chamas consumiram 1,05% da área nacional, valor três vezes superior ao da Grécia. Este ano, porém, a situação agravou-se: até meados de agosto já arderam 2,35% do território português, ou seja, mais de 216 mil hectares.

Apesar de Espanha liderar em números absolutos, com mais de 344 mil hectares destruídos, a dimensão do seu território faz com que a percentagem da área ardida seja bem inferior à portuguesa (0,68%).