“Sell-off” nas tecnológicas não dá espaço a Wall Street para respirar. Intel afunda 7%

O “sell-off” tecnológico alastrou-se por mais um dia. Os principais índices norte-americanos encerraram a sessão desta quarta-feira divididos entre ganhos e perdas, com o industrial Dow Jones a ser o único a escapar da maré vermelha que inundou Wall Street. Os investidores estão a aproveitar o momento para procederem à retirada de mais-valias, numa altura em que cresce a antecipação em torno do discurso de Jerome Powell, presidente da Reserva Federal (Fed) norte-americana, no simpósio anual do banco central em Jackson Hole. 

Depois de ter alimentado um “rally” nas ações norte-americanas nos últimos quatro meses, o setor tecnológico está agora sob pressão, com o Nasdaq Composite a atingir mínimos de duas semanas. Após já ter caído mais de 1% na última sessão, o índice desvalorizou 0,67% para 21.172,86 pontos esta quarta-feira, acompanhado nas perdas pelo S&P 500, que caiu 0,24% para 6.395,78 pontos. Já o industrial Dow Jones valorizou 0,04% para 44.938,31 pontos – com o menor peso das tecnológicas na sua composição. Isto um dia após ter tocado máximos históricos acima dos 45.200 pontos.

“Estamos a ver uma maior desvalorização nas empresas que mais cresceram nos últimos quatro meses, em particular no setor tecnológico, e talvez um pouco de tomada de mais-valias em antecipação a novos dados sobre a economia e novas orientações da Fed”, explica Jim Baird, diretor de investimentos da Plante Moran, à Reuters. Alguns analistas apontam ainda para os comentários do CEO da OpenAI, Sam Altman, que afirmou que as ações ligadas à inteligência artifial estão a viver numa “bolha”. 

Neste contexto, a Nvidia caiu 0,14%, a AMD cedeu 0,81%, enquanto a Intel desvalorizou 6,99% e a Micron registou uma queda de 3,97%. É de relembrar que, na próxima semana, a Nvidia – que recentemente tornou-se uma “four trillion dollar baby” e é a empresa com a maior capitalização bolsista do mundo – apresenta contas aos mercados. Resultados que podem vir a dar gás a um novo “rally” das tecnológicas – ou servir de barreira a novas valorizações. 

As atas da Fed relativas à última reunião parecem ter tido pouco impacto na negociação. A maioria dos membros do banco central entenderam que as taxas de juro deveriam manter-se no nível atual, entre os 4,25% e 4,5%, com apenas dois membros a votarem a favor de uma flexibilização da política monetária. As minutas revelaram ainda que os 

Neste momento, o mercado de “swaps” atribui uma probabilidade de 85% de um corte de juros de 25 pontos-base no próximo encontro que está marcado para 16 e 17 de setembro. Até lá, os decisores ainda vão receber outro relatório sobre o emprego e mais dados sobre a inflação.

Os resultados trimestrais das retalhistas norte-americanas continuam a centrar atenções, com os investidores à procura de pistas sobre a vitalidade do consumo privado no país. Na semana passada, e apesar de as vendas a retalho nos EUA até terem aumentado, novos dados demonstraram que a confiança dos consumidores estava a ser fortemente impactada pela política comercial da administração Trump. Esta quarta-feira, foi a vez da Target, da Estée Lauder e da Lowe’s apresentarem contas – e os resultados são mistos. 

Target afundou 6,33% para 98,69 dólares no arranque da sessão, isto depois de a retalhista ter nomeado um novo CEO, Michael Fiddelke, que afirmou ser “urgente” melhorar as finanças da empresa. Os resultados da Target relativos ao segundo trimestre até ficaram acima das expectativas dos analistas, ao registar vendas de 25,21 mil milhões de dólares (o mercado esperava 24,88 mil milhões), mas a retalhista decidiu manter as projeções de lucro até ao final do ano – que já tinham sido revistas em baixa em maio, devido à fraca procura. 

Por sua vez, a Estée Lauder caiu 3,67% para 86,57 dólares, depois de ter diminuído as suas expectativas em torno do resultado líquido relativo a 2025 (citando as tarifas como o principal motor para esta revisão em baixa), enquanto a Lowe’s acelerou 0,30% para 257,14 dólares, após de ter anunciado que quer comprar a Foundation Building Materials por 8,8 mil milhões de dólares e ter aumentado as suas previsões de vendas para o resto do exercício fiscal.