
Os principais índices norte-americanos encerraram a sessão desta terça-feira divididos entre ganhos e perdas, com o industrial Dow Jones a conseguir tocar máximos históricos, antes de perder fôlego e terminar na linha d’água. Os investidores mostram-se, assim, cada vez mais pessimistas em relação à vitalidade económica dos EUA, principalmente numa altura em que se preparam para o simpósio anual da Reserva Federal (Fed), onde o presidente do banco central deverá dar algumas pistas sobre o futuro da política monetária norte-americana.
O S&P 500 terminou a sessão a cair 0,59% para 6.411,37 pontos, enquanto o industrial Dow Jones encerrou na linha d’água, ganhando 0,02% para 44.922,27 pontos, tendo antes tocado níveis inéditos nos 45.207,39 pontos. A queda mais substancial veio mesmo do tecnológico Nasdaq Composite, que desvalorizou 1,46% para 21.314,95 pontos para mínimos de duas semanas – pressionado por “megacaps” como a Nvidia e a Microsoft, que caíram 3,50% e 1,42%, respetivamente, em movimento de correção em relação aos mais recentes “rallys”.
“Há uma certa ansiedade em relação aos comentários de Powell em Jackson Hole”, começa por explicar Ross Mayfield, estratega de investimentos da Baird Private Wealth Management, à Reuters. “Alguns investidores temem que a Fed fique um pouco atrás da curva e que as taxas de juro mais altas tenham um grande impacto nas ações de crescimento“, acrescenta o analista. Esta ansiedade acontece apesar de os mercados estarem já certos de que o banco central vai cortar as taxas de juro em 25 pontos base em setembro e apontem para mais um alívio até ao final do ano – movimentios que podem não ser suficientes para animar a economia norte-americana.
Com os investidores focados no estado da economia norte-americana, e a porem de parte, pelo menos para já, os avanços nas negociações em relação ao fim do conflito na Ucrânia, as atenções viram-se agora para as retalhistas do país. Estas empresas são vistas como um indicador da vitalidade do consumo privado do país – que pesa 70% no PIB da maior economia do mundo – e a Home Depot deu o pontapé de saída à divulgação dos resultados relativos ao segundo trimestre.
A retalhista norte-americana avançou 3,17% para 407,20 dólares, apesar de as vendas da empresa terem ficado ligeiramente abaixo do que era antecipado pelos analistas. Entre abril e junho, a Home Depot registou receitas de 45,3 mil milhões de dólares e um lucro por ação de 4,68 dólares – valores que ficam aquém das estimativas de 45,55 mil milhões dólares e 4,73 dólares, respetivamente. No entanto, a empresa decidiu manter as suas projeções de lucro para o resto do ano, dando algum alívio aos investidores em relação à saúde do consumo privado.
Os mercados esperam agora pelos resultados de outras grandes retalhistas norte-americanas, como é o caso da Walmart e da Target, para ver se a narrativa de relativa resiliência do consumo privado se mantém.
Entre as principais movimentações de mercado, a Intel disparou 6,97% para 25,31 dólares, isto depois de o grupo japonês Softbank ter anunciado um investimento de dois mil milhões de dólares (cerca de 1,71 mil milhões de euros ao câmbio atual) na empresa e a administração Trump ter assegurado que não vai intervir na gestão da tecnológica, agora que se fala que vai adquirir 10% do seu capital social.