Teresa Fiúza: “Direção de Habitação do BPF vai impulsionar o investimento habitacional sustentável e acessível”

Teresa Fiúza é Chief Investment Officer do Banco Português de Fomento (BPF). A gestora que tem o pelouro dos programas Consolidar, Venture Capital e dos fundos de coinvestimento público-privado, vai agora ficar responsável por uma nova área do banco promocional, a Direção de Habitação.

Esse foi o pretexto para falar com Teresa Fiúza, a gestora que considera que “a simplicidade é o último grau de sofisticação”, – citando Leonardo da Vinci – e que sonha “ver mais mulheres nos lugares de administração das empresas, sejam start-ups, pequenas, médias, grandes, corporate, familiares, bancos, capitais de risco, TODAS!”

Teresa Fiúza foi vice-presidente da capital de risco Portugal Ventures e tem uma vasta experiência na banca, com passagens pelo Banco Totta, pelo BES/ Novobanco e pelo Banco Montepio. Foi também administradora não executiva da Lisgarante. “O que sinto, a desempenhar esta função que tanto me preenche, é que o meu percurso anterior parece ter sido construído para chegar aqui. A experiência na banca, na Lisgarante e no capital de risco abarca os três pilares fundamentais do Banco de Fomento e o meu empenho é colocar essa experiência no contributo para melhorar as condições das empresas e facilitar a vida dos empresários do nosso país”, confessa ao Jornal Económico. “Considero-me uma privilegiada por poder acompanhar de perto a evolução do tecido empresarial português”, diz a gestora que vê os empresários como “verdadeiros heróis nacionais”.

Sobre a nova Direção de Habitação do BPF diz que “vai ser criada para impulsionar o investimento habitacional sustentável e acessível, com a missão de desenvolver soluções financeiras que façam a diferença, com impacto direto nas condições de vida das famílias e na resposta ao desafio da habitação em Portugal”. Explica que “vamos tocar várias áreas, desde públicas a privadas”.
“Fica a promessa de dar mais novidades em breve, quando tivermos os programas devidamente desenhados e articulados com todos os stakeholders”, avança a gestora.

Questionada sobre o que é que fez a diferença no Banco de Fomento com a nova equipa de gestão, a CIO do banco respondeu que “existe uma clara aposta na digitalização e foi muito importante a ligação às plataformas digitais do Estado, evitando a duplicação de documentos e a burocracia”.

“Mas foi mais do que isso: iniciámos um processo de comunicação direto com as empresas, pré-aprovámos limites de crédito a mais de 145 mil empresas, demos-lhe nota desses limites e as empresas, quando contactaram o seu banco comercial para fazer o financiamento, tinham já uma pré-aprovação da nossa parte”, refere. Continua dizendo que “esta alteração fez diminuir significativamente o tempo de resposta e contratação”.

“Ainda no que respeita à contratação, simplificámos o processo e as peças contratuais, sem prejudicar o rigor”, diz, acrescentando que “foi uma mudança estrutural que permitiu abranger mais empresas, desafiá-las a investir, criando as condições financeiras para que tal fosse possível e fizemo-lo sem que houvesse qualquer pedido, foi uma iniciativa nossa, muito assente na grande experiência de marketing em banca comercial do Gonçalo Regalado, CEO”.

O BPF tem em execução quatro programas, no valor global de 1.300 milhões de euros, com verbas provenientes do PRR. Em dois deles – Deal by Deal e Recapitalização Estratégica, o banco investe diretamente na capitalização das empresas, e noutros dois – Consolidar e Venture, investe em fundos de Private Equity e Venture Capital, que por sua vez investem em empresas. “Desde a entrada da nova equipa de administração, que ficou completa no final de fevereiro deste ano, que a execução destes quatro programas quase duplicou: passámos de 370 milhões executados em dezembro de 2024 para perto de 700 milhões em julho de 2025” diz, acrescentando que “é um marco que muito nos orgulha”.

A gestora partilhou detalhes dos programas: o Programa Consolidar – passou de 196 milhões executados em 2024 para 300 milhões de euros executados a julho de 2025. O Programa Venture Capital – passou de 65 milhões executados em 2024, para 196 milhões em julho de 2025 (+74%). Já nos Programas de Investimento Direto, destaca o Programa de Recapitalização Estratégica que passou de 87 milhões executados em 2024 para 107 milhões em julho de 2025; e o Programa de Coinvestimento Deal-by-Deal que passou de 22 milhões executados em 2024 para 79 milhões em julho. “Desde maio deste ano que temos investido numa empresa por semana, ao abrigo dos programas de investimento direto (Deal by Deal e Recapitalização Estratégica). Neste momento, temos em análise cerca de 50 operações, num montante superior a 200 milhões”, revelou ao JE.

Conteúdo reservado a assinantes. Leia o conteúdo completo aqui. Edição do Jornal Económico de 29 de agosto.