
Depois dos países que “se aproveitavam dos EUA” por terem excedentes comerciais e que levaram o Presidente norte-americano a impor unilateralmente tarifas às importações, Donald Trump parece já ter escolhido novos alvos: os gigantes da banca americana JPMorgan Chase e Bank of America, que acusa de o terem “discriminado”.
Numa entrevista à CNBC transmitida esta terça-feira, o chefe de Estado queixou-se que os dois maiores bancos dos EUA o tinham rejeitado como cliente. Trump disse que o JPMorgan Chase lhe indicou que tinha 20 dias para transferir “centenas de milhões de dólares em dinheiro” para outro banco. Ao longo da entrevista não ficou claro se o Presidente se referia a uma conta pessoal ou a contas das suas empresas nem em que altura isso terá ocorrido.
De seguida, contou Trump, abordou o Bank of America (BofA) para “depositar mais de mil milhões de dólares” e foi-lhe dito que o banco não lhe poderia abrir uma conta. A resposta terá sido dada pelo CEO do BofA, Brian Moynihan, detalhou o Presidente.
“Fui a vários bancos e acabei por ter de recorrer a bancos mais pequenos. Depositava 10 milhões de dólares num, 10 milhões noutro”, revelou.
As palavras de Trump encaixam na narrativa de alguns conservadores, executivos de empresas do setor dos criptoativos e organizações religiosas que se queixam de ser afastados pelos grandes bancos americanos.
A banca tem negado recusar clientes com base em convicções políticas ou religiosas, mas indica que são obrigadas a cumprir as leis federais que têm um crivo muito apertado sobre o risco de lavagem de dinheiro ou fraude.
Em janeiro, Trump já tinha atacado Moynihan, acusando o CEO do BofA de recusar clientes conservadores.
A banca norte-americana está agora num delicado jogo de equilíbrio entre poder irritar mais Donald Trump e o impacto que isso possa ter junto dos seus apoiantes enquanto tem sido um setor que tem beneficiado da orientação da Casa Branca desde a chegada do novo Presidente, que tem vindo a aligeirar as regras mais apertadas impostas pela Administração Biden em várias áreas do setor financeiro.
Na segunda-feira, o The Wall Street Journal noticiou que uma versão preliminar de uma ordem executiva de Trump prevê que a banca seja sujeita a multas se recusarem ou forçarem a saída de clientes com base nas suas orientações políticas.
Uma porta-voz do JPMorgan Chase assegurou esta terça-feira que o banco “não fecha contas por razões políticas e concordamos com o Presidente que mudanças regulatórias são absolutamente necessárias”. Já o Bank of America recusou comentar as declarações de Trump.