Ucrânia: Macron adverte que solução para conflito não dispensa ucranianos

“O futuro da Ucrânia não pode ser decidido sem os ucranianos, que lutam pela sua liberdade e segurança há três anos. Os europeus também são necessariamente parte da solução, porque a sua segurança depende disso”, afirmou na rede social X o Presidente francês, que também manteve contactos os chefes de Governo da Alemanha, Friedrich Merz, e do Reino Unido, Keir Starmer.

French President Emmanuel Macron looks on during an official welcome ceremony for the President of Angola, Lourenco, at the Hotel des Invalides in Paris, France, 16 January 2025.  EPA/LUDOVIC MARIN / POOL MAXPPP OUT

O Presidente francês, Emmanuel Macron, defendeu hoje, após um telefonema com o homólogo da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que o conflito com a Rússia não pode ser decidido sem os ucranianos, aludindo à cimeira dos líderes norte-americano e russo.

“O futuro da Ucrânia não pode ser decidido sem os ucranianos, que lutam pela sua liberdade e segurança há três anos. Os europeus também são necessariamente parte da solução, porque a sua segurança depende disso”, afirmou na rede social X o Presidente francês, que também manteve contactos os chefes de Governo da Alemanha, Friedrich Merz, e do Reino Unido, Keir Starmer.

Estas conversações surgem depois de Washington e Moscovo terem anunciado na sexta-feira um encontro entre o Presidente norte-americano, Donald Trump, e o homólogo russo, Vladimir Putin, na próxima sexta-feira no Alasca, para avançar com um acordo de paz para a Ucrânia, que Zelensky já avisou que não aceitará se envolver concessões territoriais.

Macron reiterou que a Europa deve “trabalhar num espírito de unidade, dando continuidade aos esforços lançados no âmbito da ‘coligação dos dispostos’”, que lançou há alguns meses para preparar o acompanhamento de um eventual acordo de paz.

“Continuarei a coordenar-me estreitamente com o Presidente Zelensky e os nossos parceiros europeus”, disse ainda o líder francês.

Volodymyr Zelensky já tinha anunciado hoje que discutiu a “situação diplomática” sobre a Ucrânia com Macron, bem com o primeiro-ministro britânico e comentou que “é realmente importante que os russos não consigam enganar ninguém novamente”.

Numa mensagem nas redes sociais, o Presidente ucraniano sublinhou que “todos precisam de um fim genuíno para a guerra”, bem como de “bases de segurança fiáveis para a Ucrânia e outras nações europeias”.

Em comunicado, Keir Starmer anunciou uma reunião de conselheiros de segurança nacional europeus e norte-americanos hoje em Londres, promovida pelo chefe da diplomacia britânica, David Lammy, e pelo vice-Presidente dos Estados Unidos, JD Vance, dedicada à Ucrânia.

Esta reunião será “uma oportunidade crucial para discutir os progressos necessários para alcançar uma paz justa e duradoura”, considerou Starmer, que reiterou o seu “apoio inabalável à Ucrânia e ao seu povo”.

No âmbito da ronda de contactos hoje, Zelensky falou igualmente com o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, e ambos concordaram que tanto a Europa como a Ucrânia devem ser parte na resolução do conflito com a Rússia.

“Nada sobre a Ucrânia sem a Ucrânia. Devemos manter-nos unidos”, afirmou o primeiro-ministro espanhol numa mensagem publicada no X após a conversa com o Presidente ucraniano.

Os dois líderes concordaram também que é essencial que a Ucrânia preserve a sua integridade territorial depois de Trump ter anunciado na sexta-feira que as negociações com Putin, que não incluem Zelensky e podem envolver uma “troca de territórios”.

A cimeira entre Trump e Putin foi anunciada no dia em que expirava o prazo estabelecido pelo líder da Casa Branca para a Rússia suspender a sua ofensiva na Ucrânia, sob ameaça de agravamento de sanções diretas e sanções secundárias a países que comprem hidrocarbonetos russos.

A última ronda de negociações diretas entre os dois beligerantes em Istambul, em julho, resultou apenas numa nova troca de prisioneiros e de restos mortais de soldados.

O Presidente ucraniano alertou hoje para qualquer “decisão que seja tomada sem a Ucrânia”, reafirmando que os ucranianos “não vão abandonar a sua terra para os ocupantes”, referindo-se à Rússia, que intensificou a sua ofensiva desde julho no leste e norte do país, a par de campanhas sucessivas de bombardeamentos nas principais cidades.

“Qualquer decisão que seja tomada contra nós, qualquer decisão que seja tomada sem a Ucrânia, será uma decisão contra a paz”, avisou Zelensky nas redes sociais, advertindo ainda que, nesse caso, a iniciativa “nasce morta”.